Publicado em 05/06/2025 às 00:20:00,
atualizado em 05/06/2025 às 10:30:02
Carlos Alberto de Nóbrega tentou contratar Faustão para o SBT em 1987, quando estreou à frente de A Praça É Nossa e acumulava o cargo de diretor artístico. Silvio Santos (1930-2024), no entanto, acreditava que somente os estudantes e universitários gostavam dele. O Homem do Baú também recusou uma atração comandada por Zezé Di Camargo & Luciano. "Ele queria o prato feito e não queria arriscar", analisa.
A revelação foi feita em uma longa entrevista ao NaTelinha publicada no YouTube (vídeo ao fim da matéria) e que também aparece aqui em formato de texto. Carlos Alberto de Nóbrega é o terceiro convidado de uma série de 20 entrevistas com personalidades que fizeram ou fazem a história da nossa TV neste mês que marca as duas décadas do site.
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O dono do banco da Praça continua ligado nos números de audiência e acompanha tudo através do minuto a minuto no seu celular enquanto está no ar. Hoje, entende que o patamar é outro e afirma que ficou complicado competir com a Globo. "Só não quero perder da Record", ite.
Nóbrega segue chegando às gravações com o texto decorado. Ao longo da entrevista, revela estratégias, relembra a Escolinha do Golias, a contratação de Jô Soares (1938-2022) e adiantou que o SBT já planejava colocar sua linha de shows mais cedo, impactando diretamente seu programa.
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NaTelinha - A Praça completa 70 anos de formato em 2026 e caminha para 40 anos no SBT. A que se deve a longevidade? Nunca pensou em vender o formato do programa para outros países?
Eu já tinha pensado, uma vez estive em Nova Iorque e cheguei dois dias depois da Praça ir para o ar. Estava na Rua 46, era uma rua onde tinha aqueles brasileiros, aquelas lojas... Não sei se tem mais isso hoje. Eu tava vendo, um camarada me fez a maior festa e comentou a Praça que foi ao ar há dois dias.
Eu falei: 'Escuta, você também chegou hoje em Nova Iorque?'. E como você ficou sabendo da Praça anteontem? 'É que a gente grava seu programa, da Hebe, do Jô'. 'Entra na minha loja pra conhecer'. 'Não posso entrar porque você está fazendo uma coisa errada, não é correto'. Ele entendeu perfeitamente.
Quando eu cheguei no Brasil, falei: 'Silvio [Santos], por que você não vende seus programas para os Estados Unidos?'. Porque naquela época, o Luciano do Valle, ele tinha um canal que era 'dele' em Miami. E ele ficava ando programas. Ele quis comprar e o Silvio não quis vender. Então, não insisti.
Depois, quando veio a internet, isso não é preciso. Você pode assistir a Praça em qualquer lugar do mundo. Estive em Portugal há três anos, entrei no restaurante e fiquei surpreso. 'Olha o Carlos Alberto!'. Carlos Alberto e o Paulinho Gogó, e o português lá falando... Foi uma coisa maravilhosa. Meu filho também uma vez estava na Ilha da Madeira e lá também, olha só que coincidência.
Ele estava numa praia e tinha um homem vendendo roupa. E o nome do homem era Fernando. 'Tem um brasileiro que eu gosto muito, o Carlos Alberto de Nóbrega da Praça É Nossa.' Ele falou: 'Esse homem é meu pai!'. 'Não, estás a me enganar...'. Ele mostrou o documento, aporte e o Beto ligou pra mim. Já não me faz mais falta essa parte internacional.
Se o Silvio não queria, agora menos ainda. Está indo para outro rumo e não tem nada a ver ar alguma coisa lá.
NaTelinha - Digo de fazer a Praça em outro país. Um Carlos Alberto sentado no banco da praça de lá...
Não dá porque é uma coisa muito brasileira. O humor nosso é diferente. Quem assiste os programas, são brasileiros. O americano, italiano, não vai ficar vendo. Prefiro ficar conhecido aqui no Brasil.
NaTelinha - Todos dizem que você chega com um texto todo decorado. Qual técnica você usa?
Cada quadro tem duas páginas, no máximo duas e meia. Eu tenho 70 anos de carreira. Eu tinha uma memória muito boa.
NaTelinha - Ainda tem, pelo jeito...
Está um pouquinho chato agora. Depois que operei a cabeça, aquilo me fez muito mal. Mas eu decoro o programa e tenho uma técnica sim. Como faço a redação final do programa, sempre procuro colocar a 'deixa' alguma coisa que eu me lembre o que eu tenho que falar.
Então, 80% disso está certo. O resto tem que ser na intuição mesmo. E agora está muito mais fácil pra mim porque tenho seis quadros que não têm texto. Que são pessoas que vão contar piadas e eu já tenho a experiência suficiente pra não precisar nem ensaiar. Sei que vão querer que eu fale, é o caso do Gaúcho, Paulinho Gogó, Matheus [Ceará], Porpetone... Hoje eu decoro só cinco quadros. E improviso ali com o pessoal.
Agora também tem o negócio de dália. Eu não gosto de ler dália. Ela te vicia a não decorar. Primeiro que você fica esperando a câmera não estar no ar para dar uma olhada.
O pessoal de novela decora mais. É mais 'fácil' porque é uma conversa. O meu fala de sapato e de repente vai para grampo. Não tem uma lógica. Não desmerecer porque eles têm uma cabeça... E eu sou muito chato. Chato seria perjorativo. Sou muito exigente na disciplina. Tenho que chegar decorado.
No momento que não estou decorado, dou o direito a outro também não estar. Só que eu tenho 15 quadros, 30 e poucas páginas e eles só têm duas. E isso até hoje.
NaTelinha - Até hoje chega gente de não estar decorado? Então esse ano, por exemplo, deixamos de ver o quadro de um artista na Praça por que ele não estava decorado?
Não vou dizer o nome dele porque é extremamente desagradável. Depois da pandemia, acabou o ensaio que a gente fazia. Agora é o seguinte: ele entra, a gente ensaia baixinho que é para o público não ouvir e gravamos em seguida. Isso também facilita porque eu dou uma respirada. Antigamente você entrava e ia direto, porque já tinha ensaiado.
Um colega nosso super veterano começou a ensaiar, errou a primeira, 'volta, volta'. Na terceira eu disse: 'Olha, vai decorar numa boa'. No final do programa você grava. Chegou no final e eu disse: 'Estou cansado e não vou gravar'. Você só grita quando perde a razão. Se você diz 'aqui quem manda sou eu' é porque você sabe que não manda. Tenho que mostrar a eles sem dizer que quem manda sou eu. Se eu perder esse poder, vira bagunça. E outra coisa que eu não gosto é 'dá pra gravar primeiro meu quadro? Porque tenho compromisso'.
Uma curiosidade... E o nome dele vou dizer porque adoro e sou fã é o Porpetone. É uma criatura maravilhosa, inteligente, criativo, mas é teimoso que nem uma mula. Ele é muito criativo. E ele estava com o texto errado, fora do dia, não estava decorado... Um dia estávamos ensaiando, já tinha ado a pandemia. Eu estava no meu camarim e ele estava lá fora. 'Chama o Porpeta aqui'. Falei: 'Por que você não para com a Praça? Vai fazer programa do Silvio, vai ganhar dinheiro, faz um show, vai se virar'. Ele falou: 'Prometo que não erro mais, vou voltar e não sei quê...'. Bem antes disso ele fazia o Cabrito Tevez...
NaTelinha - O jogador nunca teve uma imitação tão longeva!
Tem gente que nem se lembra mais quem é... Vá convencê-lo que faz 15 anos que esse cara esteve aqui...
NaTelinha - Faz 20 anos que o Tevez veio jogar no Corinthians.
Ele fazia o Tevez e depois queria cantar. Eu falava: 'isso não tem graça nenhuma, faz só o texto'. Tá bom, então grava. No dia seguinte, quem edita sou eu. E cortava. Ele chegava: 'Pô, cortou'. Não foi, porque é ruim.
NaTelinha - A pessoa não se magoa?
Eu sou muito educado, somos muito amigos. Não me lembro nos meus 71 anos de carreira de ter uma equipe tão coesa. Um ajudando o outro. Não me lembro. Então, tem muita cordialidade e verdade entre a gente. O Matheus, que não está mais, trouxe o Gaúcho, que é o Cris. Faz sucesso lá no sul. O outro lá que faz Doutora Rosângela... Um vai trazendo o outro. Mostra que existe uma segurança de trabalho lá dentro.
NaTelinha - Mas as pessoas que chegam sem o texto decorado, o que elas alegam?
Eu não sei. Aí vou me aborrecer porque a mecânica é o seguinte: gravamos às quintas. Quando ele vai embora, já recebe o texto da semana que vem. Ele tem seis dias para decorar duas páginas. Se não decorar, é problema dele. Porque geralmente que vem de fora, decora no avião.
NaTelinha - Consegue tão fácil assim?
É fácil, não é difícil não. Alguns, não digo que seja todos. Alguns que eu sei. São os que erram na hora. E não custa nada, se você decora meia página em um dia, no outro mais meia página, em quatro dias você decora.
NaTelinha - Ou esquece, né? Em quatro dias tem gente que esquece. Não tem?
A gente esquece. É um absurdo, ninguém vai fazer isso. Eu faço o seguinte, na véspera, na quarta, eu dou uma lida pra saber o assunto. O programa que eu vou gravar, esse texto já foi entregue há duas semanas. O que eu faço? Na quarta, dou uma lida geral para ver qual o assunto. Na quinta, pra não ter esse problema de esquecer, eu acordo às 9h, tomo meu café e meio-dia estou decorado. Aí a gente grava, já sabem o texto. Na sexta de manhã faço a edição e depois a redação final.
NaTelinha - O programa tem uma hora e 10 de arte, né? Quanto bruto você tem que cortar pra caber nisso?
A gente grava uma média de 85 a 90 minutos. E vai para o ar um programa com 75, 76...
NaTelinha - Tem muita coisa que você não gostaria de cortar, mas não tem jeito?
Hoje aconteceu isso. Eu editei o programa com o Porpetone. Ele fez o Datena, só que ele exagerou um pouco porque ele começou a xingar... Ele errava a câmera, coisa que o Datena já fez. E eu falei para o meu editor: 'Rafael, esse negócio eles vão reclamar'.
NaTelinha - Eles quem?
O diretor artístico. É um cara que somos amigos há 30, 40 anos. Ele ligou pra mim e eu falei: 'Já sei, você quer que eu tire esse negócio'. Começou a rir. Mas eu também não queria. Sabe por que deixei ar? Por preguiça. Eu tinha um compromisso às 14h, então queria correr para terminar o programa a tempo de eu estar em São Paulo. Deixei ar. E hoje tive que ligar pra lá e falar 'corta'. Já está cortado.
NaTelinha - Já vi entrevistas suas falando sobre audiência e você é um cara ligado nisso. Você acompanha também número de visualizações da Praça no YouTube? Você sabe quais personagens são mais bombados lá?
Eu acompanho a audiência do programa, recebo o minuto a minuto. Recebo no meu celular.
NaTelinha - Você fica acordado até 1 da manhã pra ver?
É o dia que pouco vejo o programa. Eu fico correndo pra ver o que os outros estão ando. Existe uma guerra lá na parte comercial. Se você entrar no meio de um comercial, ganha uns pontinhos a mais.
Eles já perceberam, isso é coisa de veterano... O futebol tira audiência da gente. Na terça-feira teve Brasil e Argentina, na quinta ia ter Palmeiras e Corinthians. O que eu fiz? O programa tem quatro blocos. O primeiro tem de 30 a 32 minutos, que eu boto assim, o carro-chefe. O segundo são 20 minutos, o terceiro 15 e o último de seis a sete minutos.
O primeiro bloco estava dando 35 minutos, o segundo 20. O que eu fiz? Sabia que ia perder. Porque o jogo ia acabar às 23h30. Então meu programa entra às 23h20. Nesse dia, o mesmo Mauro que é o nosso diretor perguntou: 'Não quer entrar 23h30 pra não pegar o jogo?'. É melhor.
Abri o programa com o terceiro bloco. Eu queimei esses 15 minutos porque tava dando 2,5. E quando acabou o negócio todo, o programa voltou a subir. 4 pontos... E a Record deu 30.
NaTelinha - Foi a maior audiência da Record do século: 31,6 de pico.
Ela nunca deu isso. A Globo estava dando 10, 12 com o BBB. Mas eu sou viciado. E não é só na Praça, não. Eu gosto muito do SBT, tenho muito carinho e respeito por eles. E procuro ver quanto meus colegas estão dando.
NaTelinha - E essa nova realidade mexe com você? Antigamente a Praça dava 20, 25...
Mexe. Caiu tudo. Até a pandemia, quando eu dava média 8, não dormia à noite de chateação. Hoje dá 5... É a realidade. Consigo manter o segundo lugar. Já perdi há muito tempo. Já ganhei muitas vezes da Globo. Agora não tem como, é muito desigual o que eles têm de dinheiro, de gente importante, que entende do assunto. Não dá pra brigar com a Globo. De uns tempos pra cá, só não quero perder da Record.
Só perco nos três primeiros capítulos de A Fazenda e nos três ou quatro últimos.
NaTelinha - A Fazenda te incomoda bastante. Você fica acompanhando?
Fico torcendo pra Record sair do ar (risos). Dar um apagão em São Paulo. Mas, faz parte. A gente ganha e perde. E não tenho vergonha de perder porque eu nunca me vangloriei de ter ganho. Nunca me viu dizer 'meu programa é líder'. Faço o Ibope pra mim. Eu não digo 'estou em primeiro'. Não digo.
NaTelinha - Não diz, mas comemora, né? Tem que comemorar.
Comemoro. Quando dou 5 de média... Já sei que no dia seguinte quando eu chegar lá... É muito gostoso.
NaTelinha - Você é um dos poucos programas do SBT que tem o segundo lugar na linha de shows. Você deve saber disso. Como você fica?
Me deixa profundamente triste. Porque eu visto a camisa. É a mesma coisa do jogador de futebol torcer pro Flamengo perder.
NaTelinha - Não faz sentido.
Não faz. E outra, das coisas que eu faço e não é pra puxar saco, não. Domingo, por exemplo... O Celso tá dando um banho na Globo e é programa ao vivo. Eu ligo pra ele falando 'parabéns'. Às vezes ele cumprimenta no ar, o 'Carlos Alberto tá assistindo'. Fazia com a Eliana... Com a Virgínia ainda não fiz nada porque não tenho intimidade.
NaTelinha - Ela está dando boa audiência também.
Mas tá um pouco ruim agora, mas pouca coisa. A Record tá fazendo umas coisas boas. Sabe qual o problema? Quando não é futebol, e a Record dá 3, mesmo quando tem futebol, quando a Globo, por exemplo faz futebol, a Record dá 3. Eu já caio pra 4,5... Por quê? Porque o meu público gosta de futebol. E os 3 da Record são os que seguem a igreja, os fiéis.
Então, estão vendo a vida de Jesus e a gente tá mostrando sacanagem, mulher bonita. Esse pessoal tá vendo jogo.
NaTelinha - E já teve algum personagem, você acompanhando o minuto a minuto ali, que fazia a audiência cair, e o personagem era bom? Teve isso?
Tem. O que eu faço? Vou citar um exemplo: o que faz o Gaúcho, é um cara excelente. Geralmente ele abre o programa. Quando não é o primeiro, é o segundo. Caiu a audiência, o Ratinho me entregou com 5 e eu tô mantendo, 5,2... Entrou ele e deu 3,9. Quando acabou, voltou a subir. O que eu fiz na semana seguinte? Tirei do primeiro bloco e coloquei no segundo. Não caiu. Então depende.
Às vezes a pessoa que tá assistindo não gosta dele. O segredo da Praça é a diversidade que tem. Nem todo mundo gosta de todos os quadros. Minha mulher, por exemplo, fica no celular, quando entra o bêbado ela vai ver. Quando ele me chama de 'Jão' ela acha uma graça.
Agora, dizer que não gosta do Paulinho Gogó é difícil...
NaTelinha - Ele e o João Plenário são campeões de audiência no YouTube. Bombam absurdamente. São os dois mais populares no canal da Praça. Mas então você fica ligado nisso e mudando conforme a resposta da audiência.?
A gente mexe. Quando o quadro tá ruim e eu preciso botar no ar. Eu boto o último quadro, eu enxugo e boto quatro minutos só. Se ficar pouco, vai cair pouco também. É isso que eu penso.
NaTelinha - O artista entende isso?
Nunca me falaram nada, não.
NaTelinha - E você também nunca teve que explicar essa estratégia pra eles?
Nunca posso dizer 'olha, não deu audiência'. Tanto é também que como ser humano, eu me supero às vezes, principalmente agora porque estou ando uma fase difícil... A minha mulher fala 'eu quero que você fosse o Carlos Alberto da Praça aqui em casa'. Porque o que eu tenho é psicológico.
A minha queda, eu abri a cabeça em dois lugares. Fiz um cateterismo no cérebro... Fiquei três horas... Corri um risco de vida. Fiquei um mês e meio internado. Mexeu muito comigo. E agora no começo do ano fiquei internado mais de uma vez porque tive um vírus no pulmão. Não posso mostrar pra eles minha fraqueza. Se eu chegar triste na televisão, eu derrubo eles.
Ela [esposa] não é artista, é médica. A gente quando entra no estúdio, a gente esquece o mundo.
NaTelinha - É um universo paralelo, né?
É. Ali eu não sou o Carlos Alberto que está com problema no coração, que tá com arritmia, que tá com dor de cabeça. Sou o Carlos Alberto que o público quer ver. Estou ali vivendo o máximo que eu posso. Nem eles percebem. Chego brincando...
NaTelinha - E vai até até a hora de ir embora?
Ah, fica. Tem o Beto e Marcelo no meu camarim. Quando eu entro, já entro [efusivo]...
Na semana ada, estava muito ruim. Tive que parar duas vezes.
NaTelinha - Por quê?
Cansaço.
NaTelinha - Isso você não tinha antes?
Não. E o meu cansaço é uma coisa terrível. E é gozado, só dá de noite. Por isso que tô te dizendo que meu problema é psicológico. Por isso estou fazendo análise.
NaTelinha - O teu cansaço respinga no físico? É a estafa?
Quando chego em casa, chego quebrado. Lá não, eu ando, levanto. Se não tá bom, vamos gravar novamente, entendeu? Semana ada eu tava mal mas não disse o que eu queria. Disse 'Marcelo, preciso ir ao banheiro'. Fui lá, fiz uma oração e pedi a Deus que me desse força. Fiz uma prece e voltei. Duas vezes e fiz isso.
No dia que acabarem a Praça, eu paro.
NaTelinha - Mas isso não corre risco.
Não, acho que não, por enquanto não...
NaTelinha - Nem por enquanto, nem nunca...
Por enquanto não. Porque não tem o que colocar no lugar também, né?
NaTelinha - Não só por isso, né?
Infelizmente não deu certo de botar o pessoal da internet na televisão. A Virgínia assisto todos os sábados... Ela tem 40 milhões de seguidores...
NaTelinha - Já pensou esses 40 milhões assistindo televisão?
E ela dá 4. Então, ela com 4 é o pessoal que gosta dela na televisão. Quem não conhecia a Virgínia? Ela é um fenômeno, não tem explicação uma mulher ficar brincando com a filhinha e ter 40 milhões de seguidores. Acho que se ela gostar de televisão, ela vai ser não uma Hebe Camargo, mas ela vai longe.
NaTelinha - Embora Hebe Camargo realmente só existiu uma...
Ela, Silvio Santos, Chico Anysio... Não tem outro.
NaTelinha - Dos personagens atuais da Praça, algum deles teria estofo pra ganhar um spin-off, uma história só dela?
Já deu, é o quadro do João Plenário, que eu mais gosto. Ali, eu boto tudo aquilo que a gente poderia falar e seria condenado. O que eu vou gravar quinta-feira, ele tá indo para os Estados Unidos, ele vai pra lá porque tem um político muito amigo dele, e fiz uma crítica ao Eduardo Bolsonaro. Sem citar.
NaTelinha - Mas todo mundo vai saber.
Todo mundo vai saber, mas dentro dos absurdos que ele fala, a. Quando o Lula deu aquele tapete vermelho para o Maduro, na semana seguinte o João Plenário botou tapete vermelho pro presidente do Paraguai. Eu brinco com os dois e nunca falamos de partido, nomes... Sempre o João Plenário.
NaTelinha - Mas e um programa de TV? Uma sitcom?
Ele já teve uma peça. Eu já dei uma [ideia] para a Daniela, ela gostou muito mas ficou nisso.
NaTelinha - Do João Plenário?
Não. Uma comédia inédita que não é imitação de nada. É uma criação minha.
NaTelinha - Faz tempo isso?
Desde que ela entrou, tem um ano... O objetivo deles é outro.
NaTelinha - Qual é o objetivo?
Eles querem seguir o que eles acreditam. A gente tem que fazer... Eu não condeno, não. Posso não estar de acordo. Isso é outra coisa. Torço pra dar certo. Isso que meu pai me ensinou. Quanto mais os outros ganharem, melhor vai ser o meu salário. Quando mais audiência der, melhor pra Praça. Um puxa o outro.
O maior prejudicado lá dentro, coitado, é o Ratinho. Ele entra em cima da novela. Toma porrada lá, coitado.
NaTelinha - Além da Praça, você já chegou a acumular o programa com o humorístico com a Escolinha do Golias. Como foi a ideia?
Em 1957, nós fomos pro Rio de Janeiro trabalhar na TV Rio. E fizemos uma escolinha mas era só eu e o Golias. Os outros eram figuração. E o Golias era apaixonado por aquilo.
Depois, então, vim pra São Paulo, SBT, Golias veio pro SBT depois e o Silvio queria que eu fizesse mais um programa. E eu queria comprar uma casa no Guarujá. Isso tem 20 e tanto anos já. Foi no século ado. Fui falar com o Silvio.
Fui falar com o Silvio, 'minha obrigação é fazer um programa só'. Ele disse 'isso você acerta com o Luciano [Callegari]. Como eu precisava ter 10 mil cruzeiros por mês pra tocar a obra, e eu sabia que o Luciano ia me tirar, eu pedi 15. Ele topou fazer por 15. 'Mas só até dezembro, hein'. Mas isso foi em março. Fizemos até dezembro e eu pude terminar a casa.
NaTelinha - Então a primeira temporada foi por conta disso?
Foi por conta disso, mas depois continuou. Era o que o Golias gostava. A vida dele era fazer a Escolinha.
NaTelinha - E você também. Devia ser uma delícia.
Dava muita risada, né? Sabe uma coisa que eu fico triste? Do esquecimento das pessoas. O meu filho tá namorando uma menina que tem 22 anos. E a gente estava jantando dia desses na casa dela, falei do Golias e ela perguntou: quem é Golias?
Quer dizer, o brasileiro não tem memória. Dizer isso me dói que você não faz ideia. Porque ele foi um gênio.
NaTelinha - Vai fazer 20 anos...
Morreu em 2005. Dia 27 de setembro.
NaTelinha - Por que acabou a Escolinha se dava tão certo?
Não sei, mas de vez em quando eles repetem. Porque televisão não tem muita coisa... Não é normal, porque quem é normal não trabalha em televisão. É muito louco. A coisa mais certa da televisão é a incerteza.
NaTelinha - E olha que quem está falando isso é o ex-diretor artístico do SBT. Vi sua participação no documentário do Jô Soares no +SBT e você disse que a única coisa que você conseguiu como diretor foi levar ele pra lá. Essa agem na sua carreira você fala muito pouco. Como você se tornou diretor artístico? Quais eram suas atribuições nesse cargo?
Quando estreei em maio de 1987, morava no Rio. E o Silvio fez aquela homenagem a mim, que você deve ter visto. E meu carro estava no Rio, e ele foi me levar pro hotel que eu estava. E aí, uma hora lá fechou o farol e ele perguntou: 'O que você espera de mim?'. É o contrário, 'o que você espera de mim? Porque eu tenho que se a Praça fizer sucesso, vai ser enquanto matarem saudades do meu pai'.
NaTelinha - Você pensava isso?
Eu pensava isso. Tanto é que no meu contrato estava que se eu não fizesse o programa, ia ganhar o mesmo salário sendo diretor de qualquer outra coisa menos diretor comercial.
NaTelinha - Tinha esse 'aditivo'?
É. Disse 'olha, Silvio, o sonho do meu pai era dirigir uma televisão. Ele sonhava em ser diretor. E não conseguiu.'. E o Luciano estava de castigo, não sei o que fizeram, deram uma dura nele e o Silvio disse 'você fica no lugar do Luciano'.
Não tinha a menor possibilidade. Ele roeu o osso e agora vai comer a carne. Não é justo. 'Vai ser horrível pra mim. Me bota abaixo dele! Quero ficar submetido a ele'. O que o Silvio queria? Dos 11 anos de Globo, a experiência que eu tive. Eu tenho a ideia, e entrego para o Luciano. E a ideia é da emissora, não do Carlos Alberto. Mas isso veio bem depois.
Quando a Praça fez um ano, disse que estava na hora de fazer um programa de prestígio. Porque popular já tem o Gugu, Hebe, eu, a Mara Maravilha...
NaTelinha - O próprio Silvio...
O próprio Silvio... E então a gente precisa de alguém de prestígio. Quem pode ser? Falei: o Chico Anysio! Vai alguém falar com o Chico... Encontrei com ele e falei pra ir a São Paulo conversar com o Silvio.
Eu já estava morando em São Paulo e de lá fomos para o Silvio. Deixei ele na porta e fui embora. Ele quis mundos e fundos. Queria montar uma TV, aquela TV Corcovado. Ele queria fazer programas lá. O Silvio não gostava do Rio de Janeiro.
NaTelinha - Ah, é?
É. Esporte e Rio de Janeiro ele sempre cortava. O Chico queria trazer um mundo de gente, fazer um programa diário... O Silvio disse: 'Não dá'. E aí tive uma opinião: 'Posso falar com o Jô'. 'Imagina se o Jô vai sair'. Falei: 'Silvio, teu dinheiro é igual do Roberto Marinho'.
O que eu fiz? Lá no Rio a Globo tinha a casa 50 onde ficava toda a produção da linha de shows. E o Max Nunes era guru do Jô. Foi padrinho de casamento, o Jô tinha muito respeito por ele... Eu me encontrei com ele e perguntei: 'Você iria pro SBT se o Silvio convidasse o Jô?'. 'Por mim tudo bem'. Liguei para o Jô, fui no apartamento dele na Lagoa e ele disse 'claro que eu vou'. Não quero me meter em dinheiro, 'vai e conversa com o Silvio'. Deixei o Jô na casa do Silvio e se acertaram.
Só que o Jô queria fazer um programa de entrevistas e o Silvio queria que ele fizesse o Viva o Gordo, que era o que fazia sucesso. Ele trouxe o pessoal dele que não era tanto como do Chico, cinco ou seis, coisa assim. E deu resultado, mas não era o que a gente esperava. A gente estava esperando ganhar da Praça, do Silvio, Hebe e não aconteceu isso.
É a primeira vez que conto isso, Thiago. O Jô foi cobrar o Silvio, 'agora eu quero fazer o Jô [Onze e Meia]'. O Silvio teve que ceder. E os outros comediantes? O Max já preparou o não sei o quê Brasil... Vila Brasil, uma coisa assim, e gravou o programa sem o Jô, claro.
Eu recebi a fita e não tinha condições de falar para o Max Nunes que estava ruim. Fui falar com o Silvio, 'ele é meu colega, redator, um cara que todos chamam de senhor. Não tenho coragem de dizer isso pra ele. Cabe a você...'.
O Silvio mesmo entregou para o Luciano e o Luciano tirou. Porque não ia dar certo. Estava muito ruim. E o Jô explodiu.
NaTelinha - Estava tão ruim a ponto de não ter possibilidade de entrar no ar?
Estava. Sabe por quê? Naquela época tinham muitos programas de humor. Tinha o TV Pirata, Casseta & Planeta, Praça, outros programas. Tinha muito humor. E estava muito ruim.
Se com o Jô a gente estava dando 10, com ele ia dar 5. Naquela época a gente dava 30, 35... Era uma loucura aquela época. A novela dava 50. Números absurdos.
E ele ficou bastante tempo.
NaTelinha - Mas como diretor artístico, o que você fazia, para o pessoal entender?
Nada.
NaTelinha - Nada? Você não fazia nada?
Nada, porque o Silvio não deixava. Eu ia falar com ele: 'Silvio faz isso...'. E ele: 'Deixa assim que tá bom'.
Eu tentei... Ah, olha só! Quando eu vim pra cá, fui pra Bandeirantes e fiquei dois meses lá. Nesse ínterim, fui jantar numa churrascaria na Bela Cintra e o Faustão estava lá. E fui me apresentar a ele. Falei: 'Você não quer vir para o SBT?'. Ele disse: 'Claro que eu vou!'. Então vou falar com o Silvio.
No dia seguinte, estava esperando o Silvio, 'vamos trazer o Faustão!'. 'Ah, o Faustão não...'. 'Mas por que, Silvio?'. Eu tinha muita liberdade com o Silvio. 'Pelo seguinte, só os universitários e estudantes gostam dele'. 'Mais um motivo! Traz ele e traz os estudantes...'.
NaTelinha - A audiência qualificada...
Claro! Ficou falando 'não quero, não quero', e ele foi para a Globo.
NaTelinha - Então isso foi em 1989, um pouco antes dele ir para a Globo?
Foi, foi. Isso que eu estou te dizendo foi em 1987, quando vim para o SBT.
NaTelinha - Então você tentou levar o Faustão para o SBT e o Silvio disse não. Olha...
Outra vez fizemos um show com o Zezé Di Camargo & Luciano. Era aniversário do SBT, lá no teatro na Lapa que hoje virou uma igreja, um templo. Saiu muito bom. 'Vamos trazer os dois pra cá trazer um programa sertanejo'. 'Ah não...'.
Ele queria o prato feito e não queria arriscar. O Silvio não arriscava. Quando eu saí da Globo, eu fui me oferecer a ele. Eu ia dia 13 de dezembro.
NaTelinha - Um dia depois do aniversário do Silvio...
Vim um dia antes pra jantar com ele e avisei que ia com a Bandeirantes. Falei: 'Você não quer ficar com a Praça?'. 'Ah, não, tentei fazer humor, mas não deu certo...'. 'Olha, Silvio, acho que vai dar'. 'Não, não...'.
Assinei contrato com a Band e fiquei de férias até meados de janeiro e começamos a bolar o Praça Brasil. E gravamos três Praças. Tivemos três programas. Quando foi para o ar...
Quando gravei o programa, a ideia era dedicar o programa a alguém. O primeiro tem que ser o Silvio. Mas veio com aquela história da cigana... Bom, quando cheguei no hotel, cheguei 1 e meia da manhã e liguei pra minha mulher. 'O Silvio falou pra você não ir pro Rio sem falar com ele'. E não tinha celular.
Liguei pra casa dele, ele já tinha saído. A Íris me deu o telefone direto do camarim, eu liguei e ele fez uma proposta. Disse: 'Olha, Silvio, primeiro vou falar com o Vanucci porque ele que me trouxe e não vou trair um amigo'. Eu ia dirigir a linha de shows e o Vanucci ia ser supervisor.
Desci, fiquei esperando o Vanucci porque sabia que ele não tinha saído ainda. 'O que eu faço?'. Ele disse: 'Corre, eu vou te esculhambar na imprensa e assim que você puder, você me leva junto'.
NaTelinha - Por que o Silvio mudou de ideia tão rápido?
Ele viu a Praça com meu pai. Ficou aquele negócio. Quando eu cheguei, ele estava gravando e eu fiquei no camarim. Falei pro Marcelo: 'Não venho não. Se na Bandeirantes já é ruim imagine aqui'.
Aí o Silvio entrou, 'olha, você me desculpe, mas não dá, não vou vir'. Ele me esculhambou... 'Você não me perdoou, seu pai queria a gente junto...'. Ele dobrou a proposta, porque ele estava achando que era dinheiro. Aí não dava pra dizer não porque eu tenho família.
NaTelinha - Enquanto diretor artístico ainda, além de ter tentado levar o Faustão, o que mais você tentou fazer e não conseguiu?
Foi isso do Zezé Di Camargo.
NaTelinha - Além disso?
Não... Eu só dava palpite.
NaTelinha - Não conseguia mudar a grade?
Eu gosto de renovar as coisas. Eu não vivo do ado. Eu cheguei pra ele, tive uma ideia inédita. Era inédita. E levei. Ele disse: 'Você acredita?'. Respondi: 'Acredito'. 'Então tira a Praça e bota o programa no lugar'.
Não dava pra discutir com o Silvio. Ele era muito inteligente. Foi um gênio. E aí o que eu fiz? Como eu estava ganhando bem, tinha um salário maravilhoso e ganhava também como diretor. Falei: 'Não vou perder essa mamata'. Vou participar das reuniões e fiquei 14 anos.
NaTelinha - Ficou bastante tempo numa função que você não conseguia trabalhar...
Fiquei. Naquela época tinha aquele por trás, era em dólar, caixa dois... A minha parte eu fiz. E ele fez a dele.
Porque quando ele me chamou, queria que eu colocasse em prática os 11 anos da minha experiência na Globo.
Na realidade, quando fui contrato, ele disse: 'Carlos, vou te pedir um favor. Não faça como os outros. Quando eu ar mal aqui e eu disser que aqui é água, não diga que é água'. E eu acreditei. E comecei a bater de frente com o Luciano.
Com o Luciano eu falava, com o Silvio não. E aí começou a me sacanear, me humilhou. Eu tomei chá de cadeira mais de meia hora pra falar com ele. Ele fez uma série de coisas que pra eu pedir demissão, mas eu não fiz.
NaTelinha - Que série de coisas ele fez?
Me podava, por exemplo... Eu era diretor artístico, tinha a convenção anual do SBT, tinha o irmão do Boni, que tinha uma novela prontinha e ele queria fazer a novela. Fui falar com o Silvio e ele topou fazer a novela.
O que aconteceu? Não deu certo. E na convenção eu tinha que explicar uma série de coisas que a gente estava fazendo. Ele mandou o filho dele levar tudo aquilo que eu deveria falar e no meio de todos os proprietários, de toda a rede, ficou ouvindo o filho dele falando o que o diretor artístico tinha que falar, sobre a nova programação... Mas eu fiquei calado.
NaTelinha - Era seu papel fazer aquilo...
Sabe por quê? Falei depois para o Silvio. 'Nós não temos mais idade de brigar. Não vamos ter mais 11 anos de vida para fazer as pazes. Deixa eu sair numa boa'. 'Então faz uma coisa: você sai, mas continua recebendo salário'. Tá bom.
Aí eu tinha sala, secretária, boy, carro quando eu precisasse... E aí ele botou o Nilton Travesso que é outro gênio, mas também não fez nada. Fez Éramos Seis e não fez mais nada, coitado.
Talvez por eu ter gostado muito e ter uma ingratidão impagável ao Silvio, não queria levar mágoas pra ele. Então preferi engolir aqueles sapos todos sem ele saber. Até que um dia tive que falar e pedir pra fazer só a Praça.
Ele [Luciano] fez de tudo pra mostrar que eu era inútil. Fez de tudo que ele podia fazer.
NaTelinha - Ele conseguiu?
Não. Ele saiu de lá, ficou uns três meses na Record e até hoje ele tá fora. Não tenho mágoa dele. Ele estava lutando pelo poder dele. Fez o papel dele que eu não faria. Nunca tivemos alteração de voz. E não que eu seja bonzinho não, eu sou justo. Sou filho de Ogum. Da justiça.
O Guilherme Stoliar uma vez veio me consolar: 'Sabe por que você saiu? Porque você não tem o perfil de diretor. Você só pensa nos artistas'.
Fiquei antipatizado porque não sei falei falar pelas costas... Tinha um diretor que graças a Deus já morreu, deve estar ardendo no inferno até hoje...
NaTelinha - Quem?
Não.
NaTelinha - Não quer falar?
Não... Ele tem filho, neto e não tem nada a ver com o avô e o pai. Era o cara que remava pra trás.
E um dia, a gente tava numa reunião de diretoria e foi discutido o salário da Hebe. 'Por que a Hebe tá ganhando 400 mil e a gente ganha tão pouco?'. Pelo seguinte: 'Se você for embora, amanhã tem um cara na sua cadeira. Se a Hebe sair, não tem duas Hebes'.
NaTelinha - Simples assim.
Naquela época, não tinha feito análise, senão, não teria falado. Só engolia mesmo por amor ao Silvio. E ele sabia. Agora que ele está no céu, sabe disso. Sabe quem foi sincero e quem foi interesseiro.
O que ele fez pelo meu pai, acho que só um filho faria.
NaTelinha - Está no seu documentário do +SBT...
Não é o dinheiro. É a maneira com que ele fazia. Ele dizia: 'Carlos, paga com teu cheque, liga pra Zilda [secretária] e ela deposita imediatamente o seu dinheiro'. Todos os pagamentos de médico, hospital, foram pagos pelo Carlos Alberto de Nóbrega. E o Silvio nunca pediu um recibo.
Ele dizia assim: 'Carlos, se existir alguma coisa, qualquer lugar do mundo que possa salvar o Manoel, leva ele pra lá'. E isso ele não falou da boca pra fora não.
Nisso, o que o SBT fizer comigo, podem fazer, desfazer, mesmo com ele morto, jamais vou abrir minha boca. Se me mandarem embora, saudações e sejam felizes.
NaTelinha - Não vão mandar, Carlos.
Não, imagine. Isso nem me a pela cabeça. Eles me adoram lá.
NaTelinha - E a Praça está mirando nos 40 anos. Faltam dois. Tá na mira... Falando nisso, hoje você está às quintas, mas fui buscar todos os horários que a Praça é Nossa percorreu no SBT. Começou às quintas, depois foi para a sexta...
Por que quinta? Tirando a segunda que é da Hebe, podia escolher. Fiquei sabendo que o Vanucci ia fazer a Praça dele às sextas, falei 'deixa eu fazer na quinta'.
NaTelinha - Depois da quinta, teve uma agem pela sexta. Depois, ou para o sábado... E já foi domingo também.
O Silvio disse: 'Olha, tenho um contrato com um negócio de filmes que tenho que botar nos dias certos. E vocês tem férias por um mês'. Falei: 'Pelo amor de Deus, não tira a Praça do ar'. Bota domingo 8 horas da manhã.
Ele perguntou se eu toparia fazer domingo em cima da Xuxa. Falei: 'Topo'. Mas tem uma condição: mesmo que você ganhe, voltará para o sábado. E a Praça ganhou da Xuxa.
Voltou para a quinta não sei por qual razão. Mudava programa, mudava dia... Numa dessa fiquei na quinta.
NaTelinha - Desses horários todos que a gente falou, qual o seu preferido?
Se o Papai Noel existisse e me desse um presente? Sábado às 22h. O meu público não é de sair sábado pra ir pro bar, beber. É o cara que fica em casa, aposentado, jovenzinho, família que se reúne. É o ideal.
NaTelinha - Você já pediu esse horário antes da Virgínia? Chegou a pedir especificamente?
Pedi e disseram não. Sabe por quê? Porque dava muita audiência na quinta-feira. Não valia a pena você perder para arriscar.
NaTelinha - Você não acha que nessa linha que você está pensando o domingo combinaria bem?
Domingo é o dia pra você assistir programa, ir no cinema, volta e o programa ainda está no ar.
NaTelinha - Você nunca ficou tanto tempo no mesmo horário. Mas você ainda entra no ar muito tarde...
Me prometeram que o programa vai entrar 22h45. Prometeram, o Mauro [Lissoni] que é diretor artístico, está vendo isso... Se consegue... Vão tirar uma novela infantil, acho que vão deixar só uma novela, consequentemente todos vão baixar.
[Nota da redação: a conversa foi gravada no início de abril, antes das mudanças promovidas pelo SBT]
NaTelinha - E a Pracinha? Como surgiu essa ideia?
Foi uma ideia do Marcelo. O sonho do Marcelo era sentar no banco.
NaTelinha - Vai ser o próximo Herdeiro da Graça?
É o sonho dele. Que tal fazer uma Pracinha? Fico, já vou treinando... Disse: 'Olha, acho que é uma boa ideia'. E não tenho a mínima participação.
NaTelinha - Nenhuma?
Nenhuma, nenhuma. E a filha dele, minha neta, está dirigindo e indo muito bem. Ela tem uma escolinha de arte e ela ensaia, treina crianças pra aula... E eles pam uma vez em experiência, depois pararam. Agora acho por falta de programação, encaixaram. Está indo bem para os padrões de sábado à tarde.
NaTelinha - Agora quero saber quando você vai voltar com o seu podcast...
Olha, é uma surpresa que eu não posso falar. Vou dizer uma coisa... Vai ser uma coisa inédita que vai mexer muito.
NaTelinha - Então você não esqueceu do seu podcast?
Eu quis fazer pra entrar no mundo da internet, mas não queria fazer sozinho. E a Renata tem o dom da palavra. Ela sabe se expressar, mas ela era tímida. É tímida. E fala muito bem. Ela faz palestras, negócio de medicina e tal. Falei: 'Você topa fazer comigo?'. Fica comigo que você vai aprender!
No começo fazia uma perguntinha ou outra, quando vi que ela tava podendo fazer sozinha, eu aqui, ó... Caí fora! E ela faz até hoje o podcast de saúde que está indo muito bem. E fazendo coisas sozinha.
Agora, o podcast que eu vou fazer...
NaTelinha - Vai continuar o mesmo nome?
Não! Vai mudar de nome. Na véspera que for pro ar eu ligo pra você e digo.
NaTelinha - Combinado, hein? Compromisso! Vamos ver...
Na véspera que for pro ar, eu te aviso. Porque se sair, vão roubar a ideia. É uma coisa que nunca ninguém fez.
NaTelinha - A Praça É Nossa está às vésperas de bater marcas importantes. Existe alguma chance de vermos uma edição especial ao vivo? Pelo menos uma vez na vida?
Não! Ao vivo jamais!
NaTelinha - Ao vivo jamais? Não tem a mínima chance disso acontecer?
Nenhuma! Nenhuma! Já me pediram pra fazer. Falei: 'Não faço'.
NaTelinha - Seria muito legal...
Não ia ser. Sabe por quê? Porque por exemplo, o Matheus Ceará ficava 12 a 15 minutos. O Porpetone fica 10, 12 minutos. Não ia abrir o programa. O bom é você fazer pouco pra pessoa querer mais. Chega uma hora que pô, 'deixa eu ver o que tem em outro canal'.
Esse é o erro de muitos artistas, eles não sabem a hora de parar. Tem artista que repete muito a piada.
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