Diego Ramiro

Ex-Disney Club do SBT ou por experiência transformadora em tribo indígena no Acre

Hoje produtor cultural, ele relembra os bastidores que viveu na TV sobre saúde mental, educação emocional e futuro


Diego Ramiro como Caju, atualmente e com a galera do Disney Club
Diego Ramiro despontou ainda criança na TV, relembra infantil no SBT e diz que teve experiência transformadora em tribo do Acre - Foto: Montagem/NaTelinha

Diego Ramiro esteve sob os holofotes quando criança. O Caju de Disney Club (1997-2003) só integrou projeto porque foi capaz de vencer quase mil crianças em testes no SBT. Ainda que já fosse um rosto conhecido por fazer publicidade, foi ali o que ficou eternizado na história da televisão. Ele ite que tinha "zero noção" do tamanho daquilo que estava sendo construído e conta a brusca mudança quando o infantil terminou.

O hoje produtor cultural concedeu uma longa entrevista ao NaTelinha publicada no YouTube (vídeo ao fim da matéria) e que também aparece aqui em formato de texto. Diego Ramiro é o quinto convidado de uma série de 20 entrevistas com personalidades que fizeram ou fazem a história da nossa TV neste mês que marca as duas décadas do site.

Celso Portiolli relembra perrengues em programa, planeja volta de quadros e tem reality registrado

Carlos Alberto de Nóbrega revela recusa de Silvio Santos à contratação de Faustão

O profissional já trouxe grandes musicais da Broadway para o Brasil e atua em diferentes frentes, como você lerá a seguir. Ele relata uma experiência no Acre que o transformou. "O mundo vai ter que começar a se conectar com essa ancestralidade", afirma ele.

Ramiro recorda seu início em Colégio Brasil (1996) no SBT, revela não ter televisão na sala de casa e garante que não assiste mais televisão aberta. "Não deixo a informação chegar até a mim sem que eu tenha esse controle."

Confira por onde anda ele que marcou toda uma geração:

NaTelinha - Quero começar sabendo por onde anda Diego Ramiro? Como é que você está e como está sua vida hoje?

Vamos lá, já rodei bastante. Depois de tanto tempo... O programa [Disney Club] começou em 1997 e terminou em 2002. Então já tem um bom tempo. Hoje virei um empresário, atuo em algumas frentes de negócio. Ano ado foi de bastante reorganização das empresas porque eu estava envolvido em muitos projetos, alguns estavam muito morosos. Tô reorganizando marca, mas hoje basicamente tenho três frentes de negócio.

Uma é a principal e vivo dela desde que quase saí do Cruj. Montei em 2007 com a Lilian, que era minha sócia e de lá pra cá vivi desse pilar que é produção cultural mesmo. Trouxemos os grandes musicais da Broadway para o Brasil, eu atuava muito como produtor executivo, depois eu acabei tomando um pouco a frente de direção artística e parte criativa dos espetáculos. Claro que veio pandemia, deu um gap danado nesse mercado cultural e a gente sofreu bastante. Todo o mercado. Então existe uma retomada já há algum tempo, só que essa minha retomada está um pouco diferente, porque eu sou de São Paulo, mas atualmente eu estou em Curitiba, o meu filho já nasceu aqui em Curitiba, então eu trouxe a empresa para cá, depois de Curitiba, e estou nesse processo de fomentar o mercado dessas produções, começando agora no Paraná. Então, é uma jornada mais difícil, porque você precisa se conectar com mais pessoas, com empresas e tudo mais, mas eu não posso reclamar, a empresa está com sucesso de projetos, a gente realizando diversos projetos, já realizamos dois projetos ano ado e retrasado, esse ano tem dois novos projetos acontecendo também, e todos culturais, dedicado à música, à teatro, teatro imersivo, teatro musical.

Então, essa é uma frente de negócio. A outra frente de negócio é a parte de tecnologia. Então, hoje eu tenho um time de desenvolvimento onde eu consigo participar de projetos, participar de startups, como se fosse um fundo de investimento. Só que ao invés de eu criar um investimento direto, em dinheiro, na startup, eu acabo entrando, participando do desenvolvimento da tecnologia. Então, é uma frente de negócio também. Tecnologia é um pouco mais complicada, porque é um mercado bem competitivo, mas é um lugar que eu quero olhar muito para a tecnologia, sempre olhei para a tecnologia, até pelo que eu ei na pandemia. Então, os meus ovos estavam na mesma cesta. Então, eu vivia só do mercado cultural. E aí, quando entra uma pandemia dessa, você fala, tá, e agora? De onde eu faço receita? Então, eu comecei a mudar um pouquinho e criei essas outras frentes de negócio. Então, em tecnologia, eu também tenho um olhar para isso. A gente está com um projeto bem legal para crianças, onde tem um DNA que eu quero promover daqui para frente, que é sempre fazer ou projetos culturais ou projetos de tecnologia dedicados ao bem-estar, bem-estar mental, que é algo que eu estou estudando já há quase 10 anos, programação neurolinguística, enfim. Tenho toda uma jornada de estudo paralelo.

NaTelinha - Bem técnico, né?

É. Então, eu tenho essa startup de tecnologia e um dos projetos está já relacionado a isso, a fazer como se fosse um processo de meditação e tecnologia para crianças, só que de uma maneira saudável. Então, está em fase de desenvolvimento, por isso que eu não quero entrar muito em detalhes, mas acho que esse ano a gente já coloca ele no mercado para alguns testes. E tem uma outra frente que eu me conectei há uns três anos, quatro anos atrás, que é um estudo mesmo de medicinas ancestrais, né? Medicinas da floresta, assim. Eu ei um período numa tribo indígena, numa aldeia, no Acre.

NaTelinha - Isso há quanto tempo?

Isso foi faz um ano, um ano e meio, mais ou menos.

NaTelinha - Nossa, é super recente.

Então, eu já estava estudando muito essas medicinas. Desde a medicina da ayahuasca, a psilocibina, que são os cogumelos. É um lugar ali onde o mundo vai ter que começar a se conectar com essa ancestralidade, sabe? Então, essa conexão de novo com a natureza, assim. Então, eu tenho, na verdade, por incrível que pareça, é a frente que eu mais tô empolgado, mas é uma frente que é mais difícil de atuar, por diversas questões, assim, até por um certo preconceito da sociedades, mas eu tenho certeza que daqui a alguns anos vai ter esse 'boom' aí, e aí eu já tô conectado com isso, e não é por business, sabe? Esse daí é muito mais por propósito mesmo, de tentar fazer com que as pessoas olhem pra essa nossa ancestralidade, olhem pro para os povos indígenas, entendam melhor o papel deles no planeta, de serem guardiões dessa floresta, de preservar a natureza, porque realmente dentro dela tem muita medicina que vai servir para a gente em todos os sentidos.

Então é uma conexão muito grande que eu estou mesmo com esse movimento. E estou começando a olhar um pouco para esse pilar, saber qual é o meu papel nisso, como que eu posso talvez fazer essa conexão de algumas classes sociais que não chegam nessa medicina por um certo preconceito, como que eu faço essa ponte entre a medicina, a ancestralidade e essas classes. Então, é mais um desafio aí, mas tudo com o mesmo DNA, que é tentar promover o bem-estar das pessoas, né, em todos os sentidos.

Ex-Disney Club do SBT ou por experiência transformadora em tribo indígena no Acre

NaTelinha - E tem dado tempo de dar conta de tudo isso?

Cara, eu tenho esse lado meio metódico, assim, sabe? A parte organizacional minha, eu vou falar que eu desempenho bem. De organizar tempo, focar energia onde é prioridade. Hoje as medicinas têm me ajudado muito nessa expansão de consciência, de entender o que é necessário nos dias de hoje. Desapego material. Então, tem sido uma jornada bem interessante, assim, porque é isso que eu falo, às vezes você vende o teu tempo em troca de um dinheiro, esse dinheiro é pra comprar coisas, e essas coisas você vai ver que não te trazem a verdadeira felicidade, né? Então, quando você começa a se conectar com a raiz do negócio, com essa ancestralidade, que você vê a importância não dos materiais, mas sim do que a gente tem hoje, natureza, essas medicinas, o teu olhar muda para, eu digo, eu falo brincando, muda para essa matrix dos desejos mundanos.

E aí, consequentemente, você diminui necessidades. Diminuindo necessidades, você talvez precise produzir não menos dinheiro, mas você consegue alocar melhor o seu tempo dedicado aos projetos e não é necessariamente o resultado estar vinculado ao dinheiro, porque talvez o dinheiro é legal, ele é necessário, ele é um o, mas quando você entra na roda dos ratos, que você entra nesse ciclo que eu falei de comprar coisas e ter desejos mundanos, achando que vai completar aquele teu quebra-cabeça, aquela peça interna que está te faltando, é roubada, não dá certo. Eu já cheguei nesse pico, não só da fama, mas de questões materiais, de carros e tudo mais. E aí você chega lá e fala, tá, e aí? O que é isso? Ainda existe uma falta interior aqui.

E aí você começa a fazer essa desconstrução. E tem sido muito interessante para mim. Então, acho que por causa disso também eu consigo ter um gerenciamento de tempo não mais fácil, mas mais dedicado, mais objetivo ali no meu dia a dia.

NaTelinha - Esse seu pensamento, ele foi mais potencializado depois que você ou esse tempo no Acre? Porque acredito eu que você ar um tempo ali deve ter despertado as mais variadas sensações e ter tido um impacto extremamente brutal na sua vida, né? Eu acho que você é uma pessoa antes e agora é uma pessoa depois de ter tido todo esse aprendizado por lá. Quanto tempo você ou por lá mesmo?

Cara, deu mais ou menos uns 12 dias. E aí foi legal, assim, porque é vivendo naquilo. Dormindo em rede e se alimentando.

NaTelinha - E foi sozinho?

Fui, fui sozinho. E se alimentando da mesma maneira que os indígenas se alimentam. E aí você entende o porquê que eles se alimentam dessa maneira. Esse tipo de dieta, por que ela é feita para quando você entra na medicina deles, o que isso pode fazer no seu corpo em termos de expansão de consciência e mapeamento emocional. E sim, respondendo a sua pergunta, foi uma virada de chave para mim quando eu fiz essa conexão, com essa ancestralidade que a gente tem aqui, e muitos deixam de lado, assim, sabe? Não dão o valor, talvez, que precisa ser dado.

É, porque, assim, você pode se isolar lá e não viver mais essa matrix nossa aqui. Só que eu acho que não é esse meu papel. Meu papel, realmente, é tentar fazer essa ponte de propagar isso. Eu volto para a matrix, mas com a minha expansão de consciência diferente. Então, eu tenho outro óculos, eu tenho um outro olhar para tudo isso que a gente hoje vive, desde os trabalhos até as conexões, as relações, os desejos mundanos. Então, hoje eu tenho um outro olhar para isso e que me ajuda muito para entender realmente, emocionalmente, as necessidades de tudo isso, sabe?

NaTelinha - E aqui na nossa matrix você tem um ado artístico muito importante. Na sua atividade de hoje como produtor cultural, você provavelmente fecha trabalhos, troca figurinhas com muita gente que te assistiu também. Isso ajuda? Isso facilita? Ter um rosto familiar consegue angariar novos clientes para você ou não?

Cara, acredito que sim, porque existe uma familiaridade. Então a pessoa quando assistiu, essa conexão de alguma maneira. É como se fosse você tentar fazer negócio na vida adulta com algum amigo teu, sei lá, da primeira série. Então, eu acabei sendo amigo de muitas pessoas no Brasil lá na primeira, segunda, terceira série. E essa amizade, eu talvez não tinha o vai e volta da informação. Era muito eu mandar essa informação e alguém absorver. Mas, após o programa, após essa fama, eu comecei a receber a resposta de tudo isso. E sempre foi muito positiva, porque o programa tinha um DNA muito forte, né? Ele tinha uma mensagem muito forte de realmente abrir o olhar das crianças, dos ultra jovens.

Pra que eles entendessem que, independente da idade, eles já poderiam ter um direito de fala. Um direito de escolha. Então, a gente trouxe ferramentas de fortalecer essa criança e esse adolescente. Então, foi interessante, porque a gente participou de uma jornada de construção ali, de personalidade. Então, todo mundo que me encontra e fala: 'Cara, você fez parte da minha infância, o programa me ajudou muito'. É muito legal.

NaTelinha - Como que bate isso em você, Diego? Você provavelmente escuta isso há muitos anos. Eu mesmo, antes de começar esse papo, eu também falei a mesma coisa, praticamente. Isso ainda te causa alguma sensação, alguma reação? Ou você já banalizou tanto a ponto que é indiferente para você?

Não, não. Não cheguei a banalizar, não. Primeiro porque a frequência desse reconhecimento vem diminuindo. Então o programa era muito recente, eu era muito conhecido. E aí você vai envelhecendo, e aí realmente aquelas pessoas que assistiam mesmo, elas vão se conectando. E toda vez eu consigo hoje, ainda mais nessa minha jornada que eu tô, eu consigo captar de verdade esse carinho. É uma coisa de ler a aura da pessoa, assim, e ler essa vibração que ela tem, e falar, não, ele tá sendo verdadeiro. Realmente, o que tá saindo da boca ali é verdadeiro. Então, eu pego mesmo aquela energia positiva e falo: 'Pô, obrigado, obrigado pelo carinho'. Que bom, né? O programa era legal mesmo, eu gostava de fazer, e que bacana. Então, não chega a banalizar, não, porque eu sempre dou muito valor.

NaTelinha - Antes de falar de Disney Club, queria relembrar seu último trabalho na TV, que foi o Famoso Quem? no SBT em 2013. Era um programa de covers e você era um dos jurados. Lembro que na época ele acabou do nada, cancelado de maneira abrupta. O que aconteceu?

Essas informações nunca chegam muito transparentes pra gente, né? Mas realmente foi essa sensação que eu tive, muito igual a do público. Acabou. Tipo, mas como assim? Não, 'a gente vai acabar a jornada aqui'. Até o Cruj foi um pouco assim.

Então, isso daí acontece, acho que com uma certa frequência, essas movimentações no SBT, sabe? É normal, né? De tirar, é bom, é a gestão, a TV está ali até hoje, se estão errados ou não, a gente não sabe, mas é o modelo de gestão deles, e é isso, a TV existe até hoje, então também não sei o ponto que eles estão errando nesse modelo de tomada de decisão. Mas eu também não consigo te responder o porquê que o Famoso Quem? saiu do ar. Eu não sei se foi questão de Ibope ou horário, ou foi conflito que a gente estava fazendo um tipo de programa, não sei se era direito autoral, não sei informar. Eu acredito que possa ter sido algo com relação a isso, que aí viram que é um formato que não precisaria ter o custo de franquia.

Talvez optaram para o Máquina da Fama, que aí escapa do nome, escapa de tudo, dá uma formatação. Acho que mediram e falaram que não é um nome tão forte. É mais ou menos isso. Não vou comprar uma franquia do McDonald's, vou abrir uma hamburgueria. Só que nessa questão, acho que talvez eles viram que não era um nome tão forte igual o McDonald's. Então não precisaria, eles poderiam fazer ali o programa deles com outro nome. Acho que foi algo nessa linha, mas tô deduzindo, tá? Não existe nenhuma verdade crua com relação a isso.

Ex-Disney Club do SBT ou por experiência transformadora em tribo indígena no Acre

NaTelinha - Mas você curtia fazer, né? Parecia que você tava muito à vontade, você se divertia fazendo e vendo o que você tava vendo ali.

Sim, sim. Eu gostei bastante porque eu estava vivendo aquilo também no momento, né? Então eu tava na época, se eu não me engano, com uma produção bem grande, que era o musical do Shrek, em parceria com a Dreamworks Theatrical, e era uma produção gigantesca, e eu fiz no programa mais ou menos o que eu fazia no processo de audição do meu musical. Então era aquilo, a gente chamava os atores, eles tinham que aprender as músicas, cantar, dançar, interpretar, então a gente ficava audicionando esse ator para participar do musical. Então eu já estava vivendo aquele tipo de trabalho, de movimento. Aí, claro que no programa, eu falei, vou abraçar um personagem aqui, que é um pouco mais grosseiro, um pouco mais, não grosseiro, mas mais objetivo, mais transparente com as pessoas. Que nas audições, às vezes, eu não dava tanto .

Quando você faz uma audição de musical, você não tem tempo de dar todos os s para as pessoas. E eu adoraria dar, adoraria ser objetivo com aquela pessoa e ser transparente com ela. E aí surgiu o programa, eu falei, pô, legal, então eu vou fazer o que eu queria fazer nas minhas audições, eu vou fazer aqui no programa, que é ser transparente com a pessoa. Foi divertido.

NaTelinha - Quando você surgiu liderando o Comitê Revolucionário Ultra Jovem, você não era exatamente um estreante na televisão, porque você já tinha feito o Colégio Brasil no SBT. Como foi?

Foi direção do Roberto Talma. O primeiro trabalho em televisão que eu fiz, né? Foi o Colégio Brasil. Mas antes disso, eu trabalhei muito em publicidade. Então, eu comecei fazendo propaganda. Cereais, achocolatado, tênis de criança. Então, eu fazia esse tipo de propaganda. E aí, era de uma agência. E fui convidado para fazer uma audição, um teste para o Colégio Brasil. Aí, fui aprovado. Acabou o Colégio Brasil, eu já fui direto para um teste do Disney Club.

NaTelinha - Ah, teve teste para entrar no Disney Club, então.

Teve, cara. Eu fiz um teste. Eu fiz um teste com quase mil crianças.

NaTelinha - Putz, é muita gente, né? Imagina, assim. Você ter desbancado mil crianças é muita coisa.

É, e aí isso também é muito curioso. Eu sempre gosto de falar que o personagem, o Caju, ele ficou disputado entre eu e o Leonardo Monteiro, que fazia o Guelé, que fazia o meu irmão. Então, o personagem do Caju, só tinha o personagem do Caju e tinha o personagem do Macaco. Só esses dois personagens eram pra surgir no programa, pra criar o programa. O Macaco já tava definido, que era o Caíque. E aí, o Caju, eles não sabiam se ia ser alguém na minha idade ou alguém muito mais novo.

E eles adoraram o meu teste e adoraram o teste do Léo, do Leonardo Monteiro. E aí gostaram tanto, gostaram tanto, gostaram tanto, que eles tiveram uma solução, que foi deixar eu como personagem do Caju, que foi adicionado, e criaram o irmão do Caju, que é o Guelé, o Chiclé. E deram esse papel para o Leonardo. E então, ao invés de dois personagens no início, a gente deu início ao projeto com três personagens. Então, é legal contar essa história, né? Porque foram realmente mil crianças que eu e o Léo e o Caique competimos para chegar no personagem. Então, fiz bastante teste.

NaTelinha - E como é que foram os testes, exatamente? Que tipo de interpretação você tinha que fazer? Que texto, mais ou menos, você tinha que dar? Como que acontecia o conteúdo?

Foram fases. Primeiro era um texto livre, depois eles começaram já a trazer algumas coisas dos personagens, depois a gente fazia teste em dupla. Então eu fiz teste com o Caíque, teste com o Leonardo, tinham outros atores também fazendo o teste ali. Tinha atores até que depois foram pra Chiquititas, que estavam ali.

Ex-Disney Club do SBT ou por experiência transformadora em tribo indígena no Acre

NaTelinha - É isso que eu ia te perguntar. Alguém conhecido perdeu pra você?

Cara, não vou lembrar de cabeça, assim, mas não perdeu, né? Porque ele tava na Chiquititas, então também foi um sucesso. Mas tinham, tinham diversos atores ali, muito conhecidos no mercado, até atores que trabalhavam muito com publicidade, né? E então foi uma competição bem interessante, assim. Pessoas muito boas, de verdade. E eu tive a sorte, enfim, eu acho que eles viram a energia ali que eu conseguia trazer pro personagem e deu super certo.

Mas foram diversos modelos de teste.

NaTelinha - Mesmo você sendo bastante jovem ali, Diego, você já tinha noção do investimento e a movimentação que a Disney e o SBT estavam fazendo? Quem estava à frente do projeto era o Cao Hamburger, que era simplesmente do Castelo Rá-Tim-Bum, ou seja, o negócio não era para brincadeira, né? Mesmo você, apesar da pouca idade, você já sentia que o negócio ali ia vingar pelo tamanho e pelo investimento ou zero noção?

Zero noção, zero noção. Tipo, eu falo, o primeiro ano do programa, acho que era muito interessante, porque a gente não tinha noção do que o programa podia ser. E quando a gente começou a ter noção do que o programa estava sendo, a gente não mudou o nosso jeito. Isso foi muito legal. E o que era o nosso jeito? É se divertir no estúdio. Então, a gente tinha um clima de muita diversão no estúdio. Até a falta de conhecimento de, às vezes, trazer um pouco do Diego com o personagem do Caju. E às vezes até levar um pouco do Caju para casa. Então, antes eu não tinha técnicas de interpretação. Como que eu separo o meu personagem, Caju, do Diego, ator? E às vezes era meio que uma mistura de tudo, só que como a gente estava se divertindo, fluía muito bem. Então, talvez, acredito que esse possa ter sido um dos elementos do programa ter sido um sucesso. E da gente não deixar realmente subir na cabeça. E todos tinham um pouco esse olhar, sabe? Não tinha ninguém ali exibido ou então arrogante.

Era um time bem diferenciado, assim, pra televisão. E a gente não tinha noção. Claro que aí depois você vai envelhecendo, você vai entendendo, né? O nome Cruj ganhou tanta força, tanta força, que eles fizeram uma adaptação para a Disney Cruj [era Club]. E a Disney fez, junto com o SBT, essa parceria, depois eu entendi o porquê, que foi para testar o mercado no Brasil antes de trazer o Disney Channel. Então eles viram que montaram um programa para a criança. Sucesso. Todo mundo adorando os desenhos, uma audiência muito boa, eles falaram: 'Opa! Temos a oportunidade de não ter um programa no Brasil e sim ter um canal'.

E aí eles trouxeram o Disney Channel, sei lá, dois anos depois, eles começaram já a introduzir o Disney Channel no Brasil. Então, foi um movimento.

NaTelinha - Acabou em fevereiro só o Disney Channel, né? O Disney agora não quer saber mais de canal linear, só foca no streaming. Acabou agora, olha o tempo. E o que a Disney dava de legal? Você era contratado da Disney ou do SBT?

Do SBT. O contrato era com o SBT e o SBT tinha uma licença e uma negociação com a Disney. Mas nessa negociação a gente tinha o ao que precisasse ali do mundo Disney. Então, a gente, estrategicamente, a Disney achava interessante a gente mostrar os parques, porque era um canal de divulgação para o Brasil. Então, a gente ia diversas vezes para a Disney, filmar novas atrações, filmar especial de Natal.

No começo a gente ia duas vezes por ano, três vezes por ano.

NaTelinha - Levava a família e tudo na faixa?

Não, não, não.

NaTelinha - Também não era bagunça.

Não, não, não. No começo, sim, a gente sempre ia com o pai responsável. Mas isso foi primeira ou segunda vez. Depois eles já entenderam que era melhor ter um produtor responsável. Aí eles pegavam uma autorização dos pais. Eu já tinha visto de trabalho naquela época. Era meio estranho, mas eu já tinha visto diferenciado para entrar no país. E aí eles foram reduzindo algumas questões de custo. Falaram que não dava para levar a família inteira. E aí chegou o momento, a gente também estava ficando mais adolescente, tinha uma certa independência, então, eu já fui sozinho para lá, eu já fui uma vez fazer um especial, eu era menor, eu tomei o avião aqui sozinho, cheguei lá, tinha já uma produtora local me esperando, brasileira, e eu filmei com uma equipe toda americana.

Tinha várias dinâmicas assim, sabe? Às vezes tinha que ir lá cobrir um evento específico, então não dava tempo de organizar isso, só mandavam um dos atores. E aí o ator já pegava uma equipe americana lá, cobria o evento, fazia a captação de imagens e voltava para o Brasil. A gente teve bastante ida para a Disney.

NaTelinha - E tinha alguma coisa de diferente que a Disney dava de benefício, de repente, assim, que ninguém sonha? Tinha algum benefício exclusivo pelo fato de vocês terem o programa e vocês achavam o máximo ou não?

Eu não sei se era exclusivo, mas a gente ganhava o que eles chamavam de Disney Dólar, né? Que era um dólar, só que tinha a cara do Mickey impressa, assim, igualzinho 1 dólar. E aí tinham, sei lá, 10 dólares, 20 dólares, 50 dólares. E a gente ganhava esse dinheiro pra curtir mesmo. Então, a gente já tinha o nosso salário, já tinha hospedagem, alimentação paga, e eles davam como se fosse um dinheiro para a gente realmente. Ah... viu uma pelúcia, quer comprar? A gente compra algo e tal. Então, a gente tinha esse Disney em dólar. Comprava tudo. E só funcionava lá. Vou guardar? Não vou. Então era muito legal. Compravam tudo. Tudo que a gente estava afim, a gente acabava conseguindo comprar.

Porque era dentro da Disney. Então tudo que tinha brinquedo, pelúcia, samba canção, moletom, boneco. A gente conseguia comprar tudo. Foi bem bacana isso.

NaTelinha - Mas você chegou a trazer alguma cédula de souvenir? Ou você na época não pensou nisso? Porque hoje você poderia vender isso por alguns milhares de dólares, imagino eu.

Provavelmente, provavelmente. Eu acho que devia ter isso guardado em algum lugar e já se foi em alguma mudança. Um dia desses eu achei alguns cartões dos hotéis que a gente tinha. E aí eu falei, ok, não preciso mais guardar isso. Acabei jogando fora. Mas é verdade, talvez um Disney Dólar desse poderia valer uma fortuna hoje.

NaTelinha - É tipo quem comprou Bitcoin no começo, lá em 2009, 2010, e perdeu, né? Não tem mais como ar. Perdeu a fortuna. E os desenhos da época? Os desenhos da Disney sempre foram referência, né? ava TV Quack, Timão e Pumba, Pateta e Max. Tinha o Super Patos, que só quando eu cresci eu descobri que tinha só 26 episódios Na minha cabeça era muito mais do que isso. Mas vocês eram realmente consumidores do programa? Vocês assistiam os desenhos? Curtiam assistir os desenhos que vocês mesmos avam?

Sim, sim. Claro que teve um começo que a gente não assistia o programa sempre, né? Porque muitas vezes que o programa estava no ar, a gente estava gravando. Então, a gente tinha uma certa dificuldade de istrar isso. Mas sim, quando dava, a gente assistia os desenhos, né? E eram muito legais, assim, cara. Eram bons desenhos. Então acho que isso também ajudou muito o programa, sabe? Não só a parte do conteúdo que a gente produzia, mas o desenho deu uma boa encorpada no programa.

NaTelinha - Você acha que o programa fez mais sucesso por conta dos desenhos, por conta da história que foi criada, ou eles se completavam exatamente, era a junção desses fatores? Porque o programa deu certo logo de cara.

Eu acho que eles se completavam, sim, porque tem muita gente que me encontra hoje, fala do programa, mas também comenta dos desenhos. Então, é porque o desenho foi marcante na infância dessa criança, então provavelmente tinha uma qualidade e ajudava a compor o todo da experiência do programa com os desenhos.

NaTelinha - A relação de vocês ali do elenco, vocês já se conheciam dos testes, né, provavelmente, como que era a relação de vocês? Vocês até hoje se falam, vocês se encontram, tem evento anual, tem grupo de WhatsApp?

A gente se encontra, eu encontro muito com o Léo, encontro com alguns diretores, encontrei o Renato Fernandes, no final, agora, no comecinho do ano. Encontrei o Michael Ruhmann, que foi também um dos diretores. A gente tentou promover um churrasco para juntar todo mundo, que ia completar, se eu não me engano, acho que era 20 anos também do programa, se eu não estiver enganado. E aí não deu certo, enfim. Existe a vontade de promover de novo esse churrasco.

NaTelinha - Ó, os 30 estão logo aí. É.

Então, e aí existe hoje o grupo do WhatsApp... Está quase todo mundo, assim. Eu acho que só o Caíque, que fazia o Macaco, que não deve estar. Mas os atores, quase todos estão lá no grupo. Então, às vezes surge coisas do programa, sobem lá. E eu e o Léo, a gente tentou organizar esse churrasco, mas não rolou, assim, porque acho que foi pandemia. E aí, ia ser na minha casa, só que o pessoal tava inseguro por causa da pandemia. Eu falei, não, então eu vou comprar o teste pra todo mundo. A gente faz o teste no portão da minha casa. Quem tiver vai com Covid vai embora. Quem não tiver, fica.

Cara, um dia anterior eu fiz o teste e eu estava com Covid.

Ex-Disney Club do SBT ou por experiência transformadora em tribo indígena no Acre

NaTelinha - Ah, não, mentira... Você mesmo ficou pra fora da sua casa e colocou eles lá dentro pra curtir?

'Pessoal, eu tô, se vocês quiserem vir fazer aqui, continuem'. Todo mundo, 'não, não faz sentido, tal, não sei o quê'. E de verdade, eu tive zero sintoma. E eu fiz por fazer, né? Eu falei, ah, bom, já que todo mundo vai ter que fazer, eu vou fazer também. E aí me deu algum insight, falei, ah, já vou fazer o meu agora, porque eu vou ficar isolado. Aqui dentro de casa. Quando eu fiz, eu falei, não, não acredito. Não é possível, cara. Não, deve estar errado. Aí fiz a segunda vez, porque eu tive zero sintoma.

Então, e aí acabou não rolando. Quem sabe a gente consegue organizar esse churrascão.

NaTelinha - Daqui dois anos eu tenho certeza que esse churrasco tem que sair. Mas o grupo é movimentado ou fica um mandando mensagem só de bom dia a cada mês?

Quando, assim, quando eu tem alguns encontros. Você vê que eles estão tentando se encontrar, mas tá meio que em blocos, assim, sabe? Às vezes eu vejo uma foto do Léo com o Renato, às vezes da Malu, que era produtora, com outro ator, a Ju, com a Dani e o Léo. Aí tá sendo meio em bloco. A gente vai conseguir, daqui a pouco, a gente fazer todo mundo junto.

NaTelinha - É, você falou do Macaco. Quem era criança e assistiu o programa na época, sofreu um baque que ele saiu do programa, assim... Como é que isso bateu em você? Já era algo que vinha sendo conversado, que de repente ele tava crescendo muito e já pensa que o próximo é você?

Realmente o Caíque tava começando a ficar muito mais velho. E aí, acho que ia perdendo um pouco da sintonia, né? Que aí começa a entrar numa fase de adolescência e já não se sente tão confortável fazendo algumas coisas, algumas cenas, e aí eu não sei se isso foi influenciando na decisão, e aí ele foi realmente saindo. Só que aí, o que que acontece? ou na minha cabeça, eu falei, putz, eu vou ficar, eu vou no mesmo caminho, né? Quase a mesma idade, se eu não estiver enganado, tá? Eu falei, bom, eu vou pro mesmo caminho. É que eu aparentava ser mais novo, que eu tive sempre isso na minha vida, assim. Eu falei, bom, mas vou indo aqui. E aí, quando chegou esse momento que talvez eu pudesse estar velho pro programa, o programa mudou o formato e virou meio que uma novelinha. Então, virou um sitcom, virou uma série. E aí, o meu personagem envelheceu junto com o negócio. E aí, eu acabei ficando mais dois anos ali no programa até o final dele. Então, assim, é... Dos personagens, eu e o Léo fomos os que tivemos no programa 1 e no último programa.

Os outros personagens todos transitaram ali durante toda essa jornada de quatro, cinco anos de programa.

NaTelinha - E por que foi mudando o formato do programa? Você falou que foi para uma sitcom agora. Comunicavam vocês de que maneira? De que maneira que isso batia para vocês?

Eu tenho as minhas deduções, sabe? Então, eu acho que o programa estava com um sucesso muito grande. E aí, eles falaram, não, vamos pegar esse programa que está com um sucesso muito grande e vamos colocar ele no sábado, para a gente aumentar o Ibope do sábado, começar a trazer desenhos para esse horário e fomentar um público que já existe ali, mas que talvez não está consumindo. Mas não deu muito certo.

NaTelinha - Você acha que hoje, essa geração atual, talvez, do mundo que a gente vive, problematizaria o Disney Cruj? As crianças lá do programa do SBT estão incentivando a piratear, o outro chama o amigo de macaco, sei lá, você acha que a galera arrumaria meio que pelo em ovo, de qualquer maneira?

Com certeza, cara. É assim que eu falo, o mundo precisa de movimentos, até para levantar bandeiras, mas eu acho que existe um ódio, uma vibração de ódio, uma vibração muito ruim hoje no planeta, que é um pouco desse olhar que eu estou tendo, me conectando com a natureza e tudo mais.

Então, assim, existe uma vibração quântica por causa das redes sociais, que eu acredito que está muito baixa. E aí leva as pessoas a ter esse tipo de pensamento, sabe? Esse ódio, essa raiva, esse questionamento. Então, com certeza, o programa ia gerar muitos haters, muitos comentários, até teorias. Você vê vídeos hoje falando que o programa era totalmente esquerda e que ia implantar...

NaTelinha - Eu já vi isso.

Então, cara, poderia ter um olhar de esquerda? Talvez sim, entendeu? Mas é que hoje ia ser, hoje tem muita questão política polarizada, então tá ruim isso. E provavelmente a gente seria questionado pelos dois lados. Eu fiz um projeto aqui no Brasil, que ele era bem interessante, ele era um projeto bem disruptivo, junto com o grupo chamado La Fura Dels Baus, mas ele tinha um cunho político, sabe, por trás.

Só que ele não era identificado entre direita e esquerda. Ele levantava questionamento. E aí você saía do espetáculo, você ouvia as pessoas, um falando, não, esse projeto aí é o movimento de direita. Aí você via um outro falando, não, esse projeto aí é o movimento de esquerda. Aí você prova que o projeto não tinha partido. Então, hoje a gente está vivendo um pouco disso. Então, cara, com certeza.

Às eu percebo vezes esse tipo de entrevista que eu dou e já fiz para o próprio UOL. Você vê o comentário na rede social assim você fala: 'Cara, o mundo tá muito estranho!'. Acho que a quantidade de julgamento que hoje existe nas redes sociais, e o julgamento é horrível em termos de vibração quântica, em termos de hertz, porque é o medo, é uma insegurança o julgar, e aí baixa a frequência do planeta isso, é física quântica.

NaTelinha - Dizem que a internet deu voz aos imbecis, você acha que se houvesse essa proliferação de rede social na época, a internet, a vibração não seria a mesma? Talvez a gente já pensasse assim, eu digo o mundo, o mundo já era assim, mas a gente só ficou sabendo agora com a explosão de rede social e com todo mundo tendo voz? Ou você acha que realmente não isso mudou?

Não, eu acho que deu voz... Não sei se foram aos imbecis, mas é que eu acho que do jeito que a rede social é feita, o algoritmo entrega, não é que está fazendo essa pessoa ficar imbecil, está fazendo ela ter só um ponto de vista, entendeu? E ao mesmo tempo está promovendo nela algum tipo de comparativo, e esse comparativo gera ansiedade e isso vai afetando emocionalmente essa pessoa.

Porque hoje a rede social, pega um exemplo assim, você pode correr a sua time line ali, pega o seu Instagram, e aí você vai correr, você vai olhar lá e você fala assim, pô, olha o meu amigo, cara, ele está viajando com os filhos. Aí eu vou pensar o quê? Vou fazer um comparativo, né? Falar, pô, preciso viajar com o meu filho. Aí você roda mais um pouco, aí você vê um outro amigo, cara, todo 'shappado', na academia, corpão legal, 'bacanudo, forte'. Aí você olha assim, você precisa cortar essa barriga aqui e cortar a cerveja. Então você se compara de novo. E aí você vai se comparando, quando você vê, você se comparou talvez com cinco amigos. Só que esses cinco amigos, se você quiser ser tudo o que eles são, vai te jogar num ambiente de depressão e de ansiedade, porque é impossível isso.

Então, o pai que cuida do corpo, às vezes, não consegue ter tanto tempo para o filho. O que tem muito tempo para o filho, talvez não consiga se dedicar tanto ao trabalho. Você vai tentar fazer a média disso, mas você nunca vai ser o melhor de cada um deles. E essa comparação que a rede social promove, está fazendo com que as pessoas comecem a entrar nesse emocional que eu te falo, da raiva, da comparação, da ansiedade. E aí, consequentemente, o cérebro começa a pensar de uma outra maneira. Então, vem esses comentários que você falou, né? Imbecis, um comentário imbecil. E é tudo por causa dessa bagagem, do jeito que está sendo codificado o cérebro.

NaTelinha - E você responde os haters? Ou você prefere não dar palco?

Às vezes eu respondo, mas a maioria das vezes não. Pra ser bem sincero, acho que eu respondia antes. E aí, de um bom tempo pra cá, eu deixo. Porque senão eu vou pra esse nível de vibração, entende? É igual quando você assiste jornal. Eu falo para o meu pai, por exemplo, eu falo, pai, não assiste jornal, não vai mudar a tua vida. O cérebro não consegue identificar se aquilo que você está vendo é real ou é uma matéria de jornal. O cérebro pega aquela informação como se fosse algo ruim e produz cortisol no teu corpo.

Se eu dou muita atenção pra isso e entro nesse clima, eu tô baixando a minha vibração de energia, entendeu? Então hoje eu me controlo muito, hoje eu tenho essa expansão de consciência de identificar e saber quando que aquilo tá me sugando e tá baixando a minha vibração de hertz e quando não tá, tá subindo. Então hoje eu vejo dessa maneira os comentários, por isso que eu já não me preocupo muito em responder. Mesmo porque o me preocupar e me responder significa que eu estou, que eu possa ter aquilo. E aí, quando você a uma segurança própria, falando da maneira mais, assim, desculpa falar dessa maneira, você liga o foda-se, você cai em comentários. Quando você acha a sua segurança e sua força interior. Então, não me afeta mais esse comentário nos dias de hoje.

NaTelinha - Mas já te afetou no ado, então?

Sim, numa outra fase, onde eu tinha inseguranças, eu ainda era movimentado muito porque foi construído na minha cabeça através da fama do espetáculo, porque minha personalidade foi construída nesse ambiente, ela foi codificada nesse ambiente da fama. Então, sim, existiam diversas inseguranças minhas com relação ao que eu vivi na adolescência. E aí, nesse meu mergulho, no meu interior, e todo esse estudo que eu faço, de 10, 12 anos atrás, e essa conexão que eu tive há uns 3, 4 anos atrás com essas medicinas, mudou muito o meu olhar e essa minha segurança interior. Então, hoje, é um outro Diego, é uma outra conexão com isso. E o Diego de hoje, ele não consome mais noticiário, não consome mais, de repente, notícias trágicas, notícias que vão te impactar negativamente no aspecto energético.

Eu falo assim: 'Ah, a pessoa morreu'. Eu falo: 'Cara, o que eu posso fazer?' Eu não vou conseguir fazer nenhum ritual para ela viver novamente, eu não sou médico, eu não sou nada. Então, o que me adianta vir essa informação? 'Ah, mas é bom você assistir dos golpes que estão acontecendo, do que está acontecendo na cidade'. Cara, não, não é bom, porque se você vê lá, não sei quem foi raptado, aí você começa a pensar naquilo. E a tua mente começa a vibrar aquilo. Então a possibilidade de você atrair aquilo é grande. Quando você não sabe daquilo, você não vibra aquilo. Aí você continua mantendo a sua vibração bacana. Num hertz bom. E aí você começa a atrair coisas boas. Então eu consumo zero disso. Zero.

NaTelinha - Ignorância é uma bênção, né?

A ignorância pra esse tipo de informação, eu acho. Eu acho, com certeza. Agora, quando você ser ignorante, talvez, em tentar olhar para o seu emocional, aí eu já não vejo como uma bênção. Eu vejo que você está perdendo tempo nessa jornada, entendeu? Nessa caminhada aqui da matrix, caminhada de vida, assim. Então, assim, o apartamento que eu tenho aqui em Curitiba, eu não tenho televisão na sala.

NaTelinha - Era isso que eu ia te perguntar. Então você não tem televisão mesmo?

Não. Eu tenho uma televisão no quarto, que de vez em quando, quando eu quero assistir uma série, alguma coisa, talvez eu coloque aqui, mas por causa de, sei lá, às vezes visita e tal, mas é que eu mudei pra esse apartamento faz pouco tempo. Mas é isso, assim, não tenho jornal, não tenho TV aberta, eu vou atrás da informação que eu quero, assim, sabe? Então, eu não deixo a informação chegar até a mim sem que eu tenha esse controle.

O meu celular não tem nada de notificação, porque eu não quero ser consumido pela notificação dele para que essa tecnologia não me consuma, entendeu? E ela não me traga essa ansiedade. Então, eu busco a tecnologia, não a tecnologia me busca. Tipo, smartwatch, eu tinha smartwatch. Cara, hoje eu não uso relógio. Eu não uso relógio. Então, tiveram vários olhares que eu comecei a ter para a vida e para a sociedade para eu usar essa tecnologia de uma maneira mais saudável, que é o que eu chamo de minimalismo digital.

Então, eu mudei muita coisa. Desde seguidores no Instagram, eu pedi desculpa para alguns amigos, falei, cara, vou deixar de te seguir porque o conteúdo não é bom. E o conteúdo que você posta não me interessa.

NaTelinha - Você falou isso para um amigo?

É, eu falei, mas eu prefiro tomar uma cerveja com você, beleza? A gente se fala no WhatsApp, né? Sabe assim? Porque senão...

NaTelinha - Perdeu o amigo, não?

Não, ao contrário, porque você é transparente, né? Então, você está sendo verdadeiro.

NaTelinha - Nem todo mundo entende assim.

É, infelizmente. Então, assim, o meu time line, ele começa a ter conteúdos que eu quero. Por mais que o algoritmo tente me empurrar em coisas, né?

NaTelinha - Clicar errado é a sentença de morte digital que você tem às vezes.

Exatamente. Meu consumo está muito diferente nos dias de hoje, sabe?

NaTelinha - Eu acho que muita gente vai aprender com isso que você falou. Até eu também vou refletir bastante sobre isso que você falou, que serve de alento. É um grande recado e esse autoconhecimento de que você não tem que buscar. Aliás, você que tem que buscar, não ser buscado. Eu acho que isso define bem.

O primeiro ponto é isso. Tira a notificação de tecnologia. Porque senão gera ansiedade. Se eu estivesse aqui e tocasse aqui mensagem de WhatsApp, eu não ia estar com você. Entende isso?

Então hoje eu estou nessa entrevista com você. Eu estou aqui no momento presente com você. Se tivesse meu WhatsApp ligado, notificação, ia ficar piscando aqui minha tela de celular, eu ia ficar ansioso, eu ia começar a estar lá também. Ia deixar você de lado. E acho que hoje a grande dificuldade do ser humano é viver o momento presente. E esse exercício eu faço diariamente, cara. Diariamente, assim. Mas a gente tem conversa para três, quatro horas, se eu começar a entrar em outros assuntos. Mas é muito interessante.

NaTelinha - É, como você disse, é um exercício diário, né? Você consegue vencer, então, todos os dias, ou pelo menos vem conseguindo vencer todos os dias.

Não sei se vencer, mas eu me monitoro, né? Tem um olhar ali, tem uma consciência maior. Para que eu esteja no momento presente, tentar viver menos com a cabeça no futuro, porque esse foi o meu grande problema. Eu vivia num planejamento, eu vivia muito no futuro. Eu nunca fui uma pessoa de guardar muita raiva, muita mágoa, então eu não vivia muito no ado. Eu vivia mais com a cabeça no futuro, no planejamento, na necessidade, no ter e tal. E aí isso era horrível. E hoje eu equilibro muito mais isso. Não existe perfeição, né? Estou na minha jornada de conhecimento e de evolução, mas tenho me monitorado bastante com relação a isso.

NaTelinha - Antes da gente ter essa conversa, eu estava revirando os arquivos e eu li uma declaração na época, e o vice-presidente de marketing da Disney disse que vocês, os apresentadores, tinham que ter um comportamento que corresponda ao público da Disney, não podia fumar, não podia falar palavrão, mas vocês, nessa época, sendo crianças, eu imagino eu, que vocês não tinham muito que fazer isso, porque vocês eram crianças. Vocês não faziam nada que poderia desabonar a empresa nesse sentido. Vocês recebiam essas recomendações? Eu até vi já a declaração sua dizendo que sim. Queria que você contasse um pouco sobre.

Existiam palavras que a gente não podia usar no roteiro. Então, eu me lembro que tinha uma que era um absurdo, assim, tipo, a gente não podia falar, acho que 'cueca'. Tinha que falar roupas de baixo, sabe assim? Foi o que você falou, quando a gente é criança, não tem muito esse problema. A questão maior é quando você vai ficando adolescente, né? Então, você vai ficando adolescente, e aí vão surgindo as curiosidades da vida. Até fiz um comentário numa das entrevistas sobre essa questão de tomar álcool, e aí eu acabei falando, né, que, enfim, eu fiz um contato de experimentar uma cerveja, acho que quando eu tinha talvez 16 anos, 17, eu não me lembro muito bem de data.

Cara, veio um baita julgamento falando 'mas menos de 18 anos não pode beber'. A pessoa que comentou, com certeza, deve ter começado a beber com 12 anos.

Mas tinha sim, todo um cuidado com relação a isso e a gente cumpria de verdade. Eu mesmo adolescente, assim, eu nunca tive nenhum vício. Então, pra mim, foi muito fácil essas questões de bebida, cigarro, mesmo na adolescência, entendeu? Mas sim, a gente tinha um padrão. Dependendo do tipo de festa, eu não ia, até pra não gerar nenhum tipo de problema, e também não tinha muito tempo, às vezes estava cansado, porque a gente trabalhava bastante, mas tinha, assim, no contrato, os compliances da Disney, assim, que eram meio que os modus operandi de como se posicionar perante a sociedade, sabe?

Ex-Disney Club do SBT ou por experiência transformadora em tribo indígena no Acre

NaTelinha - E quando o programa acabou, eu sei que você já falou um pouquinho, mas queria focar na questão de como você recebeu a notícia? O que fazer da vida? A situação já estava se desenhando?

É muito estranho, porque eu também estava num momento que é um momento de transição na carreira do ator, que é muito difícil. Que é essa coisa da adolescência. E na época não tinham muitos papéis, não tinham muitos conteúdos. Tipo assim, eu saio dali e vou para onde? Eram poucos conteúdos, poucos filmes, enfim. Então as produções tinham menos vagas, vamos dizer assim. Baseado na idade que eu estava. Então, existe um pensamento. Tá, e agora? Para mim, acho que o mais difícil foi realmente essa mudança brusca, que foi o que eu te falei, que se eu não entrasse nesse meu estudo de desenvolvimento pessoal, eu teria, talvez, surtado igual muitos artistas internacionais surtam.

Porque você começa construindo a tua personalidade no primeiro e no segundo setênio, que é de 0 a 7 anos, e de 7 a 14 anos, que é muito importante pra um desenvolvimento de personalidade, você tá desenvolvendo a sua personalidade num ambiente totalmente errado pra uma criança. Onde tem a fama, tem o dinheiro, tem o excesso de responsabilidade. Então, aquilo, cognitivamente falando, não é saudável. E aí você vai para a vida adulta, dos 14 aos 21, onde você começa a entender responsabilidade, e dali para frente você começa a entrar em diversos pensamentos. Principalmente quando você não consegue voltar a ter essa fama, você tem essa abstinência disso. É onde entra as loucuras de muitos atores. Eu estava falando, o Macaulay Culkin, a Britney Spears, muitos desses atores fizeram, inclusive, Disney Club, tiveram um sucesso na fama, aram por uma loucura, depois conseguiram mais um pouquinho de fama e ainda estão num processo ali de saúde mental numa busca. Então, foi uma puxada de tapete. Você fala, tá, e agora? O que eu faço? Cara, ganhava bem pra caramba.

NaTelinha - Quando você ganhava na época, você lembra? Quanto você terminou ganhando?

Eu comecei ganhando pouco, mas eu terminei ganhando muito bem. Eu fiz umas contas, eu acho que se tivesse uma correção de juros ou coisas assim, daria uns 60 mil reais hoje, 70 mil reais por mês. Imagina um adolescente ganhando isso?

NaTelinha - Nossa, é muito dinheiro.

Hoje é muito fácil, hoje tem muitos youtubers ganhando muito mais do que isso, né? É uma outra realidade. Naquela época, era um absurdo, assim. Então, foi muito importante, eu ajudei meus pais na construção da casa, acabei comprando um apartamentinho, guardei um dinheiro, deu uma mudada de vida financeira, né? Pra mim e pra minha família, assim. E aí depois você perde tudo isso, aí você fala, tá, e aí como que eu mantenho essa barra?

E aí foi esse gatilho que me levou para essa busca que hoje eu tenho, essa consciência que eu tenho, graças a esse problema, graças a esse desafio, que eu fui envelhecendo, e aí eu não sabia lidar muito com algumas coisas, com algumas questões emocionais, e aí eu falei, não, tem algo errado, eu preciso fazer um mergulho no meu interior, voltar na minha infância, ressignificar muita coisa. E foi o que eu fiz. Mas não foi fácil, não.

NaTelinha - Você buscou continuar com esse "sarrafo" lá em cima imediatamente após o fim do programa? O que você fez para tentar se manter exatamente ali?

Cara, vou ser sincero que esse sarrafo estava até alguns anos atrás. E aí tinha um esforço muito grande. Então, assim, vamos falar, montei a produtora. A minha produtora produziu espetáculos muito grandes para a época. Mas isso era eu tentando manter o sarrafo, né? Eu estava feliz? Não sei. Não sei se eu estava feliz. Hoje, talvez, que eu estou nesse processo de desconstrução, com produções menores, fazendo um gerenciamento financeiro diferente, uma produtora muito menor. Na época, eu tinha, sei lá, 80 pessoas na equipe, entendeu? Quando a gente estava em produção, isso ia para, sei lá, 100 e poucas, 200 e poucas. Só que aquilo, eu falei, cara, será que eu estou feliz nisso? E aí você vai entendendo que era muito mais a barra, o sarrafo que foi colocado ali na minha infância, e eu estava fazendo meio sem saber o porquê que eu estava tentando atingir aquele sarrafo. E eu estava porque eu fui acostumado com aquilo.

Isso que é muito interessante quando você pega teu óculos, limpa a lente, você coloca e fala: 'Cara, agora que eu estou vendo que não é nada disso'. A vida não é nada disso. A vida é outra parada. Não são essas conquistas, são outras conquistas. A felicidade, a riqueza, talvez não está nisso, talvez está naquilo. E aí muda o olhar como um todo.

NaTelinha - Você teve frustrações na época do tipo: 'Ah, fui fazer um teste e fui recusado, não fui aprovado'. Teve alguma coisa nesse sentido que desencadeou problemas ainda mais graves?

Sim, acho que até essa emoção do comparativo me afetou na vida adulta, de você realmente se comparar, você se comparava com os amigos, se comparava com não sei quem, e aí a gente social entra potencializando muito mais isso, então na vida adulta eu identifiquei que eu tinha, às vezes, momentos que eu ficava me comparando para saber em que nível eu estava da sociedade, onde estava a minha barra.

E esse nível de comparação foi codificado na minha infância, fazendo testes. O que é um teste de publicidade? O que é um teste de um programa? Cara, você é comparado. Você não é bom o suficiente, você não é alto o suficiente, você não é baixo o suficiente, você não é gordo o suficiente, você não é magro o suficiente. Então, é uma comparação quando você entra nesses testes. E às vezes acontece essa comparação muito explícita. Igual aconteceu, né? Pegar eu e o Léo. Cara, tava eu e o Léo disputando pelo mesmo personagem.

NaTelinha - Vocês são bem diferentes.

Totalmente. E você quer mais comparação do que isso? Então, respondendo um pouco da sua pergunta, olha como que é toda essa relação e o que pode afetar na vida adulta.

E eu agradeço ao universo que hoje eu tenho essa consciência de falar isso para você com muita clareza, com muita propriedade, e de ter ado isso, ter ressignificado isso, não só no meu racional, mas no meu emocional. Eu acho que é o grande desafio também, né? Não é só você mudar no racional. Você tem que sentir que você mudou, que é o grande desafio. Então foi, é isso que eu falo, foi uma jornadinha. Foi uma viagem intensa aí, cara.

NaTelinha - Mas esse bichinho da televisão, você matou ou ele está adormecido? Você teria interesse em, de repente, voltar à televisão? Ou algum projeto te seduziria? Ou isso para você está muito bem resolvido e você não voltaria?

Isso está muito bem resolvido. Eu acho que eu voltaria com essa outra cabeça. Se eu pudesse fazer, talvez, um bom movimento para a sociedade. Agora, fazer por fazer, para ficar conhecido, para ter fama e ter dinheiro, não sei, não é mais. A minha necessidade, não é mais meu propósito. Não é minha necessidade porque sou milionário, não. É o contrário, não é mais minha necessidade porque não é mais minha necessidade. Então, eu teria muito interesse, às vezes, de ter, sei lá, um podcast ou alguma coisa que eu conseguisse, como que eu posso explicar? Imagina o Cruj naquela época, a gente fez um livro de levar informação para aquelas crianças e aqueles adolescentes na idade que eles precisavam. Hoje, eu tenho outras informações como adulto que eu sei que eu posso levar para esse meu mesmo público. E levar uma informação que eles precisam agora nessa idade, nessa vida.

Provavelmente, igual você, você assistiu o programa. Eu tenho certeza que algumas coisas que eu acabei dividindo com você, pessoais, dessa minha busca de evolução, essa expansão de consciência, esse olhar que eu tenho para a humanidade, provavelmente começou a acender alguns questionamentos em você. Então, acho que se eu conseguisse fazer esse tipo de movimento em algum canal legal que me desse essa oportunidade, talvez sim eu voltasse a botar a minha cara de novo ali, até para aproveitar isso, esse meu conhecimento, meu jeito de comunicar, e que tivesse esse propósito. Então, não sei se eu respondi a sua pergunta, mas é mais ou menos isso. Voltaria se tivesse um propósito maior. E, de verdade, tem me martelado muito isso que eu te contei. Será que eu volto a fazer algum movimento para o meu público?

Porque eu sei que agora esse cara está em depressão, ele está com alguns problemas, a rede social está consumindo ele e ele não sabe o que fazer. E talvez eu possa ter algum conhecimento a mais, não muito a mais. Mas de que alguma maneira eu vou também trazer a mesma informação que na época eu trouxe para ajudá-lo, a ter uma força, talvez agora, na vida adulta, eu consiga fazer esse mesmo movimento. Só que eu não vou precisar colocar uma máscara ndo zorro, espetar o cabelo e fazer uma TV pirata, talvez seja num outro formato. Mas, assim, já ou na minha cabeça, às vezes, principalmente no começo desse ano. ou na minha cabeça de talvez fazer um movimento parecido com isso, mas aí precisa de parceiros, precisa de empresas que vão entender que esse movimento é realmente necessário, ou então canais fortes, sei lá, que nem o UOL, que existe esse movimento na sociedade daqui a alguns anos.

Vamos já começar a explorar isso agora. Porque vai ter uma mudança no que está acontecendo hoje na humanidade, no planeta, entendeu? Porque do jeito que tá, não tá saudável. Não tem como estar saudável. Tem muitas pessoas em depressão, muitos adolescentes em depressão. Então, assim, correto não tá. Vai ter que ter alguma mudança.

NaTelinha - Eu acho que quem está ouvindo essa conversa ou vendo essa conversa pode tirar lições muito importantes e você pode estar ajudando muita gente também. Eu acho que você tem o poder de fazer muito mais, ainda que seja através "só" através das redes sociais, mas eu acho que você pode trilhar um caminho bem interessante pegando essa galera que já te acompanhava antes ou, de repente, uma nova galera te descobrindo que precisa de ajuda. Por que não?

Também é isso. Mas, existe, assim... Vou falar que até essa minha volta de dar entrevistas, da curiosidade que as pessoas têm de saber o que eu estou fazendo, isso que a gente está fazendo hoje, queira ou não, eu tenho isso trabalhado em mim. Essa exposição da imagem, a fala, a comunicação, isso eu já fui treinado para isso desde criança. Então, talvez, é trazer um outro tipo de conteúdo um pouco mais relevante para os dias de hoje. E inclusive eu acho que deveria ter algum outro programa meio Cruj para as crianças de hoje.

NaTelinha - Hum... Aí vamos entrar num problema bem substancial da televisão aberta hoje em dia, né?

É, mas tinha que ter algum outro programa, não falar do jeito anarquista do Cruj, nada disso. Tentar entender o que essa juventude precisa ouvir para que gere um bem-estar, diminua esses TDAHs, diminua tudo isso. E vir com um programa com esse tipo de comunicação, para preparar essa adolescência. Porque essa adolescência é isso, é o futuro. Então, hoje elas estão com uma base muito enfraquecida emocionalmente falando. Então, precisa meio que um Disney Cruj com outro tipo de conteúdo, porque o conteúdo infantil hoje é muito enfraquecido.

NaTelinha - Você disse que não tem televisão, ou que não assiste televisão, você tem até uma no quarto e tudo mais, mas como é que você vê essa ausência de programas infantis na televisão aberta, principalmente você vindo de uma época onde tinham muitos, né? Você acha que isso pode influenciar na audiência de amanhã?

Cara, eu acho que cada vez mais vai diminuir mesmo esse índice de Ibope e tudo mais... Esses números da TV aberta. O que tem que ter é um movimento multiplataforma. Então, se vir um programa desse, ele vai ter que ser multiplataforma. E como se sustentar hoje só com uma TV aberta? Então vai ter que ter ali em todas as plataformas possíveis, gerando conteúdos, ao mesmo tempo aquilo vira um podcast e vira lá os cortes e vira não sei o quê, trazendo da maneira correta a informação para esses adolescentes, criando algum tipo de base melhor para eles. E é uma preocupação, eu tenho essa preocupação, meu filho tem 7 anos.

Hoje, a escola que eu escolhi para ele é uma escola Waldorf. Que tem um tipo de ensino totalmente diferente de, sei lá, 90% das escolas.

NaTelinha - Como é o ensino?

Ela tem um outro conceito, que ela olha muito o aluno. Então, o meu filho não foi alfabetizado até os 6, 7 anos de idade. E tem um porquê, tem uma explicação do porquê disso. Então, eles acreditam muito em setênio, que é de 7 em 7 anos, que eu comentei um pouquinho aqui. Porque a criança de 0 a 7 anos, ela está desenvolvendo ainda o corpo. Então, a energia dela tem que estar dissipada, ela tem que estar brincando. Ela tem que estar no movimento para que essa energia possa correr no corpo dela inteiro e fortalecer um pulmão, fortalecer um coração, fortalecer um baço.

Ela está nessa formação durante os primeiros sete anos de vida. Dos 7 aos 14 anos, aí entra numa formação cognitiva, que aí sim o cérebro começa a ter um outro desenvolvimento físico ali. E aí, sim, é introduzido na criança a parte da alfabetização, o cognitivo. E dos 14 aos 21, que é o terceiro setênio de formação, entra mais a questão da responsabilidade, do viver em sociedade. Então, essa escola tem um outro olhar para o corpo, sabe? E ela é totalmente contra telas. Então, vou falar que meu filho não tem um tablet? Ele tem um tablet. Então, às vezes, eu vou viajar de carro. Não tem como eu não colocar, colocar Netflix ou jogar algum jogo. Mas o contato dele com a tecnologia é o mínimo possível.

Sempre que eu posso me organizar de estar com ele, promovendo algumas coisas, igual esse final de semana, eu saí com ele, a gente foi acampar. Sabe? Foi eu, ele e uma barraca. Então, é esse movimento que eu estou fazendo com o meu filho. Então, acho interessante ter esse olhar também.

Imagem da thumbnail do vídeo

Mais Notícias

Enviar notícia por e-mail


Compartilhe com um amigo


Reportar erro


Descreva o problema encontrado