Pontos, milhões ou participação? Avaliar a audiência da TV virou um problemão para o Ibope
O Ibope vem sendo criticado por conta do critério de análise da audiência

Publicado em 02/05/2025 às 21:25
Com a baixa audiência de Mania de Você (2023) solidificada pelos números preocupantes no início de Vale Tudo (2025), o Kantar Ibope ficou no olho do furacão e há quem defenda uma profunda mudança na análise dos dados e mudança de pontuação para milhões.
A própria Globo fez críticas pela primeira vez ao método de avaliação realizado pela empresa que monopoliza o levantamento de audiência na TV brasileira, o que gerou críticas e reflexão no mercado. Há tempos, no entanto, muitas pessoas enxergam que os números do Ibope são defasados e necessitavam de outra avaliação complementar.
+ Autora de Dona de Mim descobre o segredo para salvar novelas e precisa ser copiada
+ As 100 maiores atuações de novelas nos 60 anos da Globo
Nos últimos anos, a Kantar vem realizando atualizações e mudanças, inclusive com a inserção de dados de vídeo online, o que foi considerado inovador e mostrou o avanço das plataformas sobre a TV aberta, inclusive já superando por muito a TV fechada.
Porém, o debate parece que está longe de começar a ganhar forma e não se sabe qual o melhor método para saber o tamanho do sucesso ou de um fracasso de um programa de TV. No mundo todo, os mais conhecidos são: pontuação, número de pessoas ou participação total. O que significa isso tudo?
Os critérios de audiência do Ibope
O próprio Ibope tem em seu levantamento a possibilidade de divulgar os três dados mais conhecidos do mundo. A começar pelo mais tradicional, a pontuação. Anualmente, a empresa anuncia quantos aparelhos representam um ponto de audiência e justifica como o cálculo é feito.
Os números são baseados no total de brasileiros e de domicílios no país, levando em conta diversos levantamentos, como o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), além da Pnad Contínua e tantos outros. Cada ponto representa 1% dos domicílios brasileiros.
Mas a pontuação não é a única. A Kantar também tem, embora não costume divulgar frequentemente, o total de pessoas que acompanham um programa. Isso porque, como o cálculo de pontuação leva em conta domicílios e, consequentemente pessoas, é possível observar este dado.
Por fim, a participação é outro elemento importante. O chamado share leva em conta o total de aparelhos conectados num determinado programa na comparação com o total de aparelhos ligados. Ou seja, de cada 100 televisores ligados, se 30 assistem a um programa,a ele tem 30% de participação.
O Ibope está defasado?
A crítica ao Ibope tem sido marcada por conta da queda de audiência geral. Um exemplo clássico é o anos 90. Num domingo normal, Globo e SBT disputavam ponto a ponto e ambas ficavam por horas acima dos 20 pontos. A soma total de pontuação quase sempre ultraava os 60.
Atualmente isso é quase impossível e a justificativa se dá no streaming, mas as plataformas não atingem nem perto dos dados dos anos 90. Há quem defenda que as pessoas possuem outras opções de lazer, mas muita gente também acompanhava teatro, cinema e festas na década de 90.
Num país com 204 milhões de pessoas em que a maioria esmagadora dos lares (somos mais de 100 milhões) possuem um aparelho de TV, é bastante improvável que, mesmo no pico, nem metade esteja com a TV ligada e este é o desafio das emissoras, das empresas de publicidade e da Kantar Ibope para o futuro: qual a verdadeira audiência de um programa de TV atualmente?