Saudosismo não basta: Por que o Bom Dia & Cia levou o SBT ao 3º lugar na estreia?
Bom Dia & Cia retorna ao SBT com Patati Patatá, mas enfrenta desafios na TV aberta
Publicado em 26/05/2025 às 15:31,
atualizado em 26/05/2025 às 15:31
O SBT retomou Bom Dia & Cia nesta segunda-feira (26), e, segundo a audiência prévia da Kantar Ibope na Grande São Paulo, ficou em terceiro lugar, com média de 2 pontos - atrás da Record, com 4,6, e da Globo, com 7,4. O resultado não surpreende. O que foi exibido na estreia apostou no saudosismo e foi formatado para um público infantil bastante nichado, crianças do pré-escolar, o que restringiu ainda mais sua performance na TV aberta. É o nicho do nicho.
O SBT mostra coragem ao investir em programas infantis, o que é digno de elogios. No entanto, Bom Dia & Cia com Patati Patatá tem um formato mais adequado ao YouTube ou à TV por . Apesar da qualidade, o programa não se encaixa no atual cenário da TV aberta.
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Além dos problemas relacionados ao público-alvo do Bom Dia & Cia, que hoje está no digital, a estrutura fundamental do programa está errada.
No ado, o sucesso dos programas infantis no SBT e em outras emissoras se devia ao fato de serem programas de auditório com crianças, mas não exclusivamente para crianças. Essa fórmula esteve presente em atrações como Xou da Xuxa, Show Maravilha, Bozo, Dó Ré Mi com Vovó Mafalda, Clube da Criança e Oradukapeta.
Na década de 90, exibido de segunda a sábado, o SBT reformulou o programa da Mariane para um formato parecido com o Cidade contra Cidade, mas com escolas. A mudança fez a atração liderar a audiência contra o Xou da Xuxa e forçou mudanças na Globo. No entanto, a apresentadora foi afastada após cortar o cabelo sem a autorização de Silvio Santos, e o projeto não foi à frente.
Globo errou quando apostou em infantil nichado
Assim como Bom Dia & Cia com Patati Patatá, nos anos 2000, a Globo também apostou em um infantil nichado. Em 2002, lançou Xuxa no Mundo da Imaginação, um programa idealizado com o auxílio de educadores e voltado para crianças de até 10 anos.
A proposta era levar para a TV aberta o sucesso da franquia Xuxa Só Para Baixinhos, mas mesmo com o carisma de Xuxa, o formato não funcionou, um dos motivos foi por ser direcionado a um público alvo muito específico para a TV aberta.
Voltando ao BDC com Patati Patatá, a escolha de palhaços como apresentadores parece outro equívoco. As crianças de hoje não têm ligação com o universo do circo ou dos palhaços, algo que fazia parte da infância das gerações dos anos 80, 90 e início dos 2000. Talvez essa sequência de erros na formatação explique o terceiro lugar na estreia desta segunda-feira.
Na TV aberta, mesmo os programas infantis precisam dialogar com todos os públicos. Esse mesmo erro se repete no SBT com a novela A Caverna Encantada.
Em resumo, o Bom Dia & Cia com Patati Patatá traz um tom saudosista, mas não é o que a criança de hoje deseja assistir - e sim o que o SBT parece impor em sua programação.
Não sou contra a volta dos programas infantis, apenas acredito que o formato atual do BDC não é o caminho certo. É como uma mãe que insiste para o filho comer bife de fígado porque faz bem para a saúde, enquanto ele só pensa na batata frita. O SBT precisa buscar essa batata frita.
