Publicado em 12/03/2025 às 05:00:00, atualizado em 12/03/2025 às 06:53:48
continua depois da publicidade
Grande marco da teledramaturgia brasileira, Vale Tudo está de volta a partir do dia 31 de março, na Globo, em uma releitura escrita por Manuela Dias e com direção de Paulo Silvestrini.
Considerada a novela das novelas, a trama discute questões éticas, partindo da premissa do que cada um é capaz de fazer para se dar bem na vida. E conta com personagens icônicos, que mexem com o imaginário brasileiro, como Odete Roitman, a vilã de todas as vilãs.
continua depois da publicidade
Convidada para o papel que foi da saudosa Beatriz Segall (1926-2018), Débora Bloch traçou um pouco do perfil dessa poderosa mulher durante conversa virtual com o NaTelinha e demais veículos de imprensa.
"A Odete é uma 'puta' personagem! É uma mulher que despreza o Brasil, que não sabe ver, reconhecer, não entende o valor do Brasil. Um retrato de uma classe brasileira que despreza o Brasil e, ao mesmo tempo, se beneficia dele, suga as suas riquezas."
continua depois da publicidade
Débora Bloch
Para a atriz, essa é a principal característica da personagem de 1988 que ela traz para a versão de 2025. "É interessante e atual! Infelizmente, esse pensamento ainda está atual, essa maneira de se comportar na sociedade. Eu tento fazer uma Odete que representa esse Brasil de hoje, essa personagem [agora]", explica.
Quem assistiu a versão original, ou conhece um pouco da trama, sabe que a novela foi muito importante para o cenário político brasileiro. A expectativa e as reflexões hoje continuam as mesmas. Débora tem sua opinião sobre isso também:
continua depois da publicidade
"O Brasil mudou muito, mas a gente está vendo uma volta não só no Brasil, mas no mundo, de um pensamento conservador, preconceituoso, retrógrado..."
Débora Bloch
"Conseguimos caminhar tanto nas questões humanistas, e eu nunca imaginei que a gente fosse assistir de novo essa ode de ideias ultraadas, conservadoras, retrógradas e fascistas. No entanto, estamos vendo o mundo caminhando para isso, como se a história estivesse se repetindo e ela [Odete Roitman] representa isso, esse pensamento", observa.
Como será a relação de Odete Roitman com uma nora preta?
Desde que o remake de Vale Tudo foi anunciado pela Globo, como parte das comemorações pelos 60 anos da emissora, as expectativas do público com relação a essa obra só crescem.
continua depois da publicidade
Manuela Dias, autora do folhetim, deixou claro se tratar de uma releitura do clássico dos anos 1980, com adaptações aos tempos atuais, o que torna uma nova novela, porque tudo é novo, apesar da história já ser conhecida.
Uma das mudanças adotadas pela escritora foi a escolha de Taís Araújo para o papel de Raquel Acioly. No seu imaginário, a personagem sempre foi uma mulher preta. Consequentemente, Maria de Fátima (Bella Campos), a filha da heroína que se casa com Afonso Roitman (Humberto Carrão), também é negra.
Questionada sobre como será essa relação da Odete Roitman, uma mulher extremamente preconceituosa e racista, com a nora, Débora Bloch adianta que as cenas das duas personagens ainda não foram gravadas, mas avalia essa cumplicidade entre elas.
continua depois da publicidade
"A Odete continua preconceituosa. Fala coisas horríveis como se fosse a mais normal do mundo. Ela é uma mulher controladora, manipuladora, e vê na Maria de Fátima alguém que ela acha que irá controlar e manipular. Subestima a Maria de Fátima e leva uma rasteira [risos]."
Débora Bloch
Segundo a atriz, a vilã usa a golpista como um instrumento para manipular o filho, Afonso. Para separá-lo da Solange (Alice Wegmann) e convencê-lo a se mudar para Paris, indo trabalhar na filial da TCA ao lado da mãe.
continua depois da publicidade
"A Odete lida com todo mundo sob esse ponto de vista. Ela que sabe, que age em função dos próprios interesses. Usa as pessoas, quer que elas ajam em função do que ela acha ser o certo", acrescenta.
A atriz conclui a conversa falando sobre a sua preparação. Confessa ter revisto um pouco da versão original, mas parou no meio do caminho:
continua depois da publicidade
"Achei que não estava me ajudando, que era mais interessante eu me concentrar no texto e encontrar a minha Odete, a minha maneira de fazer essa história e essa personagem."
Para Débora Bloch, sempre que clássicos forem remontados haverá essa grande expectativa, mas os atores e diretores novos vão acrescentar o seu repertório, uma nova visão daquela história.
"A gente está fazendo um grande texto, uma grande novela! Trazendo para o Brasil de hoje um texto bom, com personagens muito bons. Estamos nos sentindo privilegiados por estarmos reinterpretando esses personagens, esses textos, uma novela sobre a ética... Se vale tudo para se dar bem", finaliza.
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.