A Viagem teve 1ª versão proibidona nos anos 70, com prostituição e alvo de censura
Novela com Eva Wilma e Tony Ramos tratou de temas que eram tabus em 1975

Publicado em 13/05/2025 às 05:51
A Viagem, novela de 1994 que está sendo reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, na Globo, teve uma primeira versão exibida na extinta Tupi entre 1975 e 1976. A trama original, escrita por Ivani Ribeiro (1922-1995), também responsável pelo remake, abordava tabus que foram cortados da adaptação.
As duas versões tiveram histórias bem parecidas. O espírito de Alexandre (Ewerton de Castro), que foi um jovem rico e problemático, busca se vingar do irmão Raul (Adriano Reys), do cunhado Téo (Tony Ramos) e do criminalista César Jordão (Altair Lima), que julga serem os responsáveis por sua morte.
+ Qual a história de A Viagem? Saiba o que acontece na novela até o final
Diná (Eva Wilma), a irmã e maior defensora do rapaz, se apaixona por Otávio. Ela, que inicialmente culpa o advogado pela morte do irmão, descobre nele um amor de muitas vidas após o fim de seu casamento com Téo. Já este se envolve com Lisa (Elaine Cristina), ex-namorada de Alexandre.
A primeira A Viagem também era menos romântica e mais dramática, com teor realista e muito suspense. A abertura soturna, disponível na internet, dá indício disso. A autora se inspirou na doutrina espírita e em livros psicografados por Chico Xavier (1910-2002), narrados pelo espírito André Luiz.
Censura Federal ameaçou tirar primeira versão de A Viagem do ar
Vários entrechos da versão de 1975 foram alterados no remake de 1994. Na época da primeira novela, o Brasil ainda vivia sob ditadura militar e vigência da Censura Federal, que cortava comportamentos considerados impróprios aos bons costumes, como infidelidade e separações.
Documentos revelados pelo pesquisador Vitor Antunes mostram que a Tupi recebeu uma reclamação da Censura Federal por ter exibido um capítulo em novembro de 1975 sem ter o script e o tape enviados para o departamento. Houve a ameaça de proibição de exibição da novela caso o ato se repetisse.
A Lei do Divórcio só foi aprovada em 1977. Nos anos anteriores, só havia o desquite, que, entre outros direitos negados, não permitia a constituição de um novo casamento. Isso impediu que alguns romances, vastamente explorados na releitura, tivessem o mesmo destaque na trama original.
Foi o que aconteceu com Diná e César, que só tiveram o amor concretizado após a morte dos dois personagens, no Nosso Lar. Téo também só pôde ser feliz e viver com Lisa após a morte da primeira mulher, de acordo com informações do autor de novelas e pesquisador Vincent Villari, em seu canal no Youtube.
Vilão tentava prostituir a própria filha na novela original
Como o remake foi ao ar às 19h, um horário de histórias mais leves, alguns trechos foram modificados. Por exemplo, na primeira novela, o vilão Ismael (Serafim Gonzalez) planejava levar a filha Maria Lúcia (Suzy Camacho) para a Europa a fim de prostitui-la, sem que ela desconfiasse de nada.
+ Quais atores de A Viagem já morreram? Veja a lista completa
Um embate com Ismael é que provoca a morte de Diná, vítima de um ataque cardíaco. Na segunda versão, a personagem também sofre um mal súbito, mas em momento de alegria, ao reencontrar a sobrinha – que ou a se chamar Bia – após um período em que a jovem esteve desaparecida.
O elenco da primeira versão teve no elenco nomes como Rolando Boldrin (Alberto), Irene Ravache (Estela), Joana Fomm (Andrezza), Carmem Silva (Isaura, que virou Maroca no remake), Carlos Alberto Riccelli (Júnior, que ou a se chamar Tato) e Ana Rosa (Carmem), entre outros).
+ Compare os elencos das duas versões de A Viagem, exibidas em 1975 e 1994
Veja cenas e a abertura da primeira versão de A Viagem, exibida entre 1975 e 1976 na Tupi: