Opinião

Roger Flores precisa urgentemente perder vícios e evoluir na TV

Comentarista é um dos mais bem sucedidos, mas tem espaço para melhorar


Roger Flores
Roger Flores participou da transmissão do jogo entre Santos e Botafogo - Foto: Reprodução

O jornalismo esportivo televisivo, especialmente no Brasil, exige uma harmonia quase coreografada entre narradores e comentaristas. A transmissão de uma partida de futebol vai além da descrição dos lances; trata-se de uma experiência comunicacional complexa, em que cada elemento tem seu tempo e função bem definidos.

Nesse contexto, a atuação do comentarista Roger Flores, ex-jogador e atual integrante da equipe esportiva da TV Globo, levanta uma discussão relevante sobre a importância do equilíbrio na transmissão ao vivo.

Embora reconhecidamente carismático e dotado de boa capacidade analítica, Roger tem adotado um estilo de participação que, em determinadas ocasiões, compromete o ritmo narrativo, especialmente ao interromper narradores com frequência ou narrar replays desnecessariamente.

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No último domingo (1º), durante a transmissão de Santos x Botafogo, ao lado do narrador Everaldo Marques e do comentarista Ricardinho, Roger Flores voltou a demonstrar comportamentos que têm se repetido ao longo de sua trajetória como comentarista.

Em diversos momentos, interrompeu a narração para inserir comentários, mesmo quando o lance ainda estava em andamento ou quando o narrador ainda não havia encerrado sua fala.

Ainda que se reconheça a espontaneidade e clareza de Roger ao comentar os lances, esse tipo de intervenção, quando recorrente, quebra o ritmo natural da transmissão e pode confundir ou distrair o telespectador.

Sincronia é fundamental

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É importante compreender que o papel do comentarista, embora analítico e opinativo, é complementar ao do narrador.

Enquanto o narrador conduz o espetáculo verbalmente, com cadência, emoção e progressão lógica dos acontecimentos, o comentarista oferece uma interpretação do que se vê, contextualiza e antecipa possíveis desdobramentos. Quando essas funções se sobrepõem de forma desordenada, perde-se a fluidez e o engajamento do público.

Além das interrupções constantes, outro ponto criticado é o hábito de Roger descrever replays, como se estivesse narrando o lance novamente. Um exemplo ocorreu no já citado jogo, quando ele relatou em detalhes uma jogada do Santos que havia acabado de ser mostrada, gerando uma redundância desnecessária.

Como a audiência já teve contato visual com a jogada, a repetição descritiva não apenas soa ociosa, como também interrompe possíveis análises mais profundas ou a preparação para o próximo comentário técnico.

Esse tipo de comportamento não é incomum entre ex-jogadores que migram para a função de comentarista. Acostumados ao protagonismo dentro de campo, alguns enfrentam dificuldades em adaptar-se às regras não ditas da dinâmica televisiva.

No entanto, essa transição exige justamente a percepção do espaço de fala, do tempo certo para comentar e da escuta atenta dos colegas de transmissão.

Vale registrar que, quando escalado ao lado de narradores mais contidos como Luís Roberto ou o próprio Everaldo Marques, as interferências de Roger tendem a ser menos perceptíveis. Isso não significa, no entanto, que o problema inexista, mas apenas que se torna menos evidente diante do perfil mais sereno dos narradores.

Por outro lado, ao trabalhar com profissionais mais performáticos, como Cléber Machado ou Galvão Bueno, que imprimem um ritmo próprio e possuem uma forte presença vocal, a falta de coordenação entre narração e comentário se torna mais constrangedora.

Roger Flores pode melhorar

Roger Flores é, sem dúvida, uma figura consolidada no jornalismo esportivo brasileiro. Sua trajetória no futebol, aliada à capacidade de leitura tática e ao carisma natural, são ativos importantes para qualquer equipe de transmissão.

No entanto, como todo bom comunicador, é preciso reconhecer os contextos em que se está inserido e ajustar o tom e o tempo da participação para que sua colaboração enriqueça, e não atrapalhe, a experiência do público.

Se Roger fizer esses ajustes, poderá não apenas manter sua posição de destaque, mas também se consolidar como um comentarista completo, respeitado não apenas por sua história no futebol, mas também por sua capacidade de contribuir de forma equilibrada e eficaz nas transmissões esportivas.

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