Novela que traumatizou Taís Araújo terminava há 15 anos: "Fui espinafrada"

Protagonizando atualmente o remake de Vale Tudo na faixa das nove da Globo, Taís Araújo ficou traumatizada após estrelar uma novela de Manoel Carlos que terminava há exatamente 15 anos.

Estamos falando de Viver a Vida, cujo último capítulo foi exibido no dia 14 de maio de 2010. A produção foi amplamente criticada pela forma como os temas foram conduzidos e pelo ritmo vagaroso e a atriz se viu imersa em uma crise que quase acabou com sua carreira.

Tudo deu errado

A expectativa em torno de Viver a Vida era grande. Manoel Carlos retornava ao horário nobre após o sucesso de histórias como Laços de Família (2000), Mulheres Apaixonadas (2003) e Páginas da Vida (2006), e, pela primeira vez, com uma Helena negra.

Contudo, nada funcionou como o esperado. A personagem não teve boa recepção, o relacionamento entre Helena e Marcos (José Mayer) foi rejeitado, e Taís ou a ser alvo de críticas.

Além disso, a atriz acabou perdendo o papel central para Alinne Moraes, que se destacou no papel de Luciana, uma modelo que ficava tetraplégica após um acidente, vivendo tramas mais envolventes, como o romance com os gêmeos Jorge e Miguel (Mateus Solano).

“Eu fui espinafrada”

Deixada de lado, Taís Araujo sofreu bastante com os comentários negativos tanto da mídia quanto do público, chegando a acreditar que Viver a Vida simbolizaria o encerramento de sua trajetória como atriz.

Posteriormente, em entrevista à revista Piauí, ela refletiu sobre tudo que viveu e sobre os equívocos da novela e da personagem.

"A culpa não foi minha. Ou não foi exclusivamente minha. Eu fui espinafrada e pensava que aquele era o fim da minha carreira. Todo mundo caiu na questão de tratar a personagem como branca, acreditando na democracia racial, de que somos todos iguais. Não é assim na rua, pois o Brasil é racista", lamentou.

"Ficou inverossímil. O erro ou ingenuidade minha, do Maneco, do Jayme Monjardim [diretor artístico] e da Globo, é que caímos no mito da democracia racial. Olhamos como se o negro no Brasil tivesse o mesmo trânsito de um branco. Não tem", completou.

Rejeição

Muito criticada e encarando as comparações inevitáveis com as Helenas de novelas anteriores de Manoel Carlos, Taís Araujo experimentou pela primeira vez a rejeição do público, o que acabou contribuindo para sua evolução.

"A gente amadurece. Envelhecer é bom por isso. A última vez que estive nesse lugar… O que eu aprendi estando nesse lugar? A nossa vida de artista é um eterno recomeçar. As críticas são uma parte da caminhada. É parte de um processo. E naquela época fiquei muito abalada porque eu tinha ado imune a elas", analisou a atriz em entrevista ao site Heloísa Tolipan, em 2019.

"Tinha uma carreira muito próspera. Fatalmente serei criticada de novo em um momento da minha vida. A diferença é que agora não há o ineditismo, eu já sei o que é", continuou.

Mudança de pensamento

Mais recentemente, quando a novela foi reprisada pelo canal Viva, a atriz destacou, através de vídeo nas redes sociais publicado no ano ado, que viu a personagem com outros olhos.

"A novela voltou, e vi vocês assistindo e comentando… Eu já falei tanto dessa personagem, mas conforme os anos foram ando, eu fui ressignificando a presença dela na minha vida. Tudo o que eu achava dela antes, eu não acho hoje", explicou.

"Hoje, eu acho que ela me fez ser a mulher que eu sou. Então, pra você, Helena, minha declaração de amor", destacou. "Quando eu me vejo na telinha, agora, inclusive, eu percebo que eu estava atuando muito bem, tá? Não tinha nada de errado comigo", concluiu, dizendo, também, que o Brasil de 15 anos atrás não estava pronto para ter uma protagonista negra.